Desde que o Instagram veio a público anunciar que deixou oficialmente de ser uma rede social de fotos para privilegiar vídeos e entretenimento, o mercado de influência se vê em meio a muitas dúvidas. Como a mudança irá impactar a produção de conteúdo? Quem ganha e quem perde engajamento e monetização? Será a tiktorização do Instagram?
A justificativa do Instagram para o novo posicionamento é a disputa por atenção com plataformas concorrentes. “Há muita competição, o TikTok é enorme, o YouTube também. As pessoas estão buscando o Instagram pelo entretenimento e há muita concorrência“, afirmou Adam Mosseri, diretor da rede social em anúncio em vídeo. “Então, isso significa mudanças.”
Entre as novidades anunciadas, estão recomendações de vídeos em tópicos, a priorização de vídeos que geram entretenimento, a aparição de vídeos de pessoas que o usuário ainda não segue, entre outros.
São alterações que devem impactar diretamente o mercado de criação de conteúdo para redes. E a novidade trouxe interrogações ainda sem respostas clara. Veja três pontos:
1. Creators serão pressionados?
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A priorização do audiovisual no algoritmo do Instagram logo foi recebida por creators com apreensão. Haverá uma pressão indireta da rede — ou mesmo direta de patrocinadores — pela produção de vídeos? O questionamento foi levantado no Brasil pelo escritor e palestrante André Carvalhal, em um post que mobilizou produtores de conteúdo de diversas áreas.
“Desde ontem ouvi de muitas pessoas ‘preciso fazer vídeos’, e assim a profecia irá se cumprir. Penso na ansiedade de produtores de conteúdo e no risco da banalização e esvaziamento das mensagens de educadores, ativistas… enfim, não curti, e vcs?”, disse
A creator Daylane Cerqueira foi uma das que, em resposta, manifestaram já sentir essa pressão: “A gente já não vê o que as pessoas que a gente segue postam por causa do algoritmo, agora a situação vai piorar. Tô desde ontem com a cabeça a mil por causa disso. Quem cria conteúdo vive numa corrida contra a próxima mudança para conseguir crescer um pouquinho que seja. Tá difícil…”
2. Como vídeos podem render mais?
Enquanto estimula a produção de vídeos, o Instagram vem testando meios de monetização para os criadores também diretamente na plataforma. Em entrevista ao site “The Drum”, Georgia Kelly, gerente de parceiro estratégico do Instagram, antecipou planos da rede.
“Nos próximos meses, começaremos a testar duas novas ferramentas nos EUA para aumentar as oportunidades de monetização para os criadores; a ferramenta de afiliados nativa que permitirá aos criadores ganhar comissão pelas vendas que realizam — tudo dentro do aplicativo Instagram — e novos recursos de lojas, que permitirão aos criadores que vendem suas próprias mercadorias vincularem seus e-commerces nos seus perfis.”
3. Afinal, o que é entretenimento?
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Quando se fala em tiktorização do Instagram, é inevitável pensar nos vídeos de dancinha que se banalizaram nas redes. A tatuadora e influencer Helen Fernandez, a @malfeitona, captou de forma visionária com sua personagem Dona Algô, a questão que isso traz. O que é, de fato, entretenimento? Estariam os criadores de conteúdo na realidade reféns do próximo meme?
Embora essa questão permaneça aberta, as mudanças do Instagram parecem mostrar o reflexo de uma tendência que se consolida. O entretenimento está em alta em todos os lugares. E isso, talvez, seja uma resposta involuntária à ressaca pós-covid, pós-ultrapolarização das redes e pós-cultura do cancelamento.