Para além do mês do orgulho, a pauta sobre diversidade e inclusão se mantém viva no hub de conteúdo “Publicidade para Todes”, lançado pelo IAB Brasil. Ao longo do ano, o espaço será alimentado com pesquisas, artigos, debates, podcasts, entre outros materiais sobre o tema. A iniciativa é resultado dos trabalhos do Comitê de Diversidade e Inclusão do IAB, criado este ano, que assumiu o compromisso de promover de forma coletiva o diálogo e a troca de conhecimento sobre o assunto na indústria da publicidade.
“A gente acabou de passar o mês de junho, quando se vê a publicidade toda colorida, e depois isso desaparece. Isso reflete uma questão central na comunicação das empresas que entendem a população LGBTQIA+ apenas como um público, um target de consumo, quando a gente está falando na verdade de uma população que deve ser defendida em seus direitos básicos todos os dias”, disse Rodrigo Santini, líder de marca e ativismo da Ben & Jerry’s no Brasil, em debate sobre Ativismo de Marca, recém-lançado no hub.
“Junho é um mês para celebrar conquistas, mas também para fazer reflexões sobre o que avançou e o que não avançou. Mas isso não quer dizer que as marcas não devam trabalhar essa questão ao longo dos meses. Quando a gente fala de Ben & Jerry ‘s, a marca como ativista trabalha isso no dia a dia, de modo integrado à sua forma de fazer negócios, e se propõe promover mudanças estruturais na sociedade”, disse o executivo.
Essas e outras reflexões sobre como marcas estão se posicionando sobre o tema são levantadas por nomes do mercado publicitário. Wagner Azambuja, coordenador de Pesquisa de Mercado na Unilever, discutiu a importância da representatividade na propaganda, que deve buscar falar com a sociedade como um todo, incluindo a população LGBT de forma transversal.
“Quando eu estou tomando um sorvete ou lavando roupas, eu não sou um gay lavando roupas. Eu sou uma pessoa lavando roupas. Então eu posso fazer um comercial de carro e colocar um casal homoafetivo ali. Representatividade é normalizar essas conversas em todos os momentos e não só quando o assunto é ser LGBTQIA+”, disse em debate online.
É uma conversa que não deixa de fora desafios importantes para as marcas que abraçam a inclusão dentro da companhia e fora, em seus discursos. “Eu quero que o público externo goste, e para o público externo eu falo com a pessoa reativa, que não gosta desse tipo de mensagem, e com o ativista, que acha que a marca não deveria falar sobre isso porque não tem as bases. Então tenho de agradar os dois extremos e agradar a marca, tenho de garantir que a conversa vai ser positiva na construção da marca”, afirma o executivo da Unilever.
Nesse espaço, o IAB também dá voz a agências, que discutem formas de desenvolver campanhas mais inclusivas, além de trazer conteúdos que abordam sobre a empregabilidade da comunidade, sobre como criar espaços de trabalho mais diversos e acolhedores, e o papel da indústria na construção de uma sociedade com menos preconceito e mais igualdade.