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Monique Evelle, do NuLab: “Cansei de ser chamada para consertar e agora vou criar”

Imagem: Diva Nassar/Divulgação

Monique Evelle, comunicadora e empreendedora, aos 26 anos já coleciona uma lista de feitos numa trajetória que desde o início busca aproximar populações minorizadas — negras e da periferia — do coração e das cabeças das empresas: postos criativos, de inovação e liderança. Fundou a plataforma Desabafo Social, foi sócia da Agência Responsa, lidera o projeto Inventivos — de capacitação e mentoria — e, desde fevereiro deste ano, assume o desafio, como consultora de inovação do Nubank, de tornar real o NuLab, um hub de tecnologia e inovação em Salvador.

É um desafio de porte, segundo ela. O NuLab será o primeiro ponto de referência física do banco digital no país, que deve abrigar iniciativas de inovação e empreendedorismo, além de promover investimentos em negócios, por meio de um fundo. A tarefa, segundo Monique, representa um passo além nas suas conquistas.

“Estava cansada de ser chamada pelas empresas para consertar coisas. Para resolver problemas ligados à representatividade, basta contratar pessoas pretas, e acabou. O mercado tem de entender que isso é o mais simples. E, para mim, basta acionar minha própria rede. Agora, como consultora de inovação do Nubank, eu estou criando um fundo do zero. Saí do ‘consertar’ e fui para o ‘criar’”, disse.

A escolha de Salvador — cidade fora do eixo Rio-São Paulo — também se alinha com uma proposta de Monique, que já vinha trabalhando para estimular negócios na região onde nasceu. “Eu já estou na campanha ‘Recomece na Bahia’,  sentia que precisava criar algo um pouco maior, mas não sabia que seria o NuLab. Voltei a morar em Salvador, e o convite veio no meio dessa minha decisão, e casou neste momento.”

Segundo ela, a decisão do Nubank de escolher a cidade para o hub é uma estratégia acertada. “Será um baita empreendimento que vai surgir em Salvador, num momento em que algumas empresas tradicionais saíram da Bahia. Pensando na geração millennial, talvez com essa iniciativa o Nubank se torne uma grande referência na região, a empresa que melhor contrate e ofereça oportunidades para a galera saindo da faculdade. E essa galera não vai precisar ir para o Sudeste, os talentos vão ficar e o dinheiro vai circular.”

A aproximação entre Nubank e Monique se estreitou por conta de críticas feitas por ela à empresa nas redes sociais em outubro do ano passado, que foram recebidas pelo banco digital como um desafio. Após uma declaração do banco de que a falta de representatividade nos seus quadros vinha da ausência de mão de obra qualificada no mercado, Monique, que já havia feito palestras na empresa, pediu uma escuta mais atenta das lideranças para a questão. E foi ouvida.

“Eu fiz a pergunta no Twitter: quando as empresas erram, vão fazer textão depois? Vão fechar a empresa? Eu quero que as coisas mudem”, recorda-se Monique. O start pela mudança veio poucos meses depois. “O Nubank fez um compromisso público. E já estava pensando em Salvador. É a cidade mais preta do país, com talentos incríveis. A gente quer gerar inovação e também tem compromisso relacionado à diversidade. Não tem porque não ser Salvador.

Monique acredita que a iniciativa não ficará restrita à região metropolitana da capital baiana. A proposta é incentivar o desenvolvimento em toda a região. “O NuLab não vai servir apenas a Salvador. Pensamos em todo o Nordeste”, diz.


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