Sessenta e quatro por cento dos brasileiros apoiam a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, no Brasil. No entanto, 55% das pessoas assumem que estão “nada informadas” sobre a cúpula climática que ocorre entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA). Apenas 6% se dizem “muito informados” enquanto 36% acreditam que estão “um pouco informados”.

Quem revela o paradoxo é a pesquisa Ipsos-Ipec, que foi conduzida entre os dias 4 e 8 de setembro de 2025 com entrevistas domiciliares a 2 mil pessoas em 132 municípios. O estudo indica ainda que o apoio à realização do evento cresce significativamente entre aqueles que estão minimamente informados, atingindo 83% entre os que se dizem “pouco informados” e 77% entre os “muito informados”.

De acordo com Márcia Cavallari, diretora da Ipsos-Ipec, esses números mostram o apoio latente da população ao evento, mesmo sem conhecer os detalhes. “Há uma percepção geral de que o tema é importante e que sediar a conferência é positivo para o Brasil”, diz ela. “Agora, o desafio é transformar esse apoio em um engajamento informado e participativo, conectando as discussões da COP30 com o dia a dia das pessoas”, avalia.

COP30 no Brasil: otimismo em relação ao impacto econômico

O levantamento aponta também um otimismo em relação aos impactos da COP30. Entre os entrevistados, 56% acreditam que ela trará mais benefícios do que prejuízos para a economia do país. Essa percepção salta para 82% entre os que apoiam a cúpula, atinge 72% entre os que se declaram pouco informados, fica em 70% entre os muito informados e chega a 68% entre aqueles com idade entre 16 e 24 anos.

Entre os entrevistados em geral, apenas 18% acreditam que o evento trará mais prejuízos. Porém, entre os que não apoiam a convenção, o número sobe para 67%.

Impacto positivo para reputação internacional do Brasil

O estudo também indica que 58% acreditam que sediar a COP30 deve trazer impacto positivo ou muito positivo para a reputação internacional do Brasil. Entre aqueles que apoiam sua realização no Brasil, essa percepção atinge 82%.

E esse otimismo se mantém acima da média tanto entre os que se dizem “pouco informados” quanto entre os que se dizem “muito informados”, com 73% e 70%, respectivamente. Também há destaque para os entrevistados com renda familiar superior a cinco salários mínimos e entre as pessoas com idade entre 16 e 24 anos, com 69% de otimismo em cada grupo.

O que os brasileiros pensam sobre a escolha de Belém e a preparação da cidade

A opinião dos brasileiros se divide sobre a escolha de Belém como cidade-sede, e há algum ceticismo sobre sua preparação.

Para 43%, o evento deveria ocorrer em um local com maior infraestrutura, mesmo fosse que distante da Amazônia. Por outro lado, 33% consideram a escolha de Belém acertada, mesmo com as dificuldades logísticas. Essa percepção positiva cresce entre os mais informados, atingindo 49%.

Também há destaque entre aqueles que apoiam a conferência no país, com 46%, entre quem se considera pouco informado, com 42%, e entre aqueles que têm ensino superior, com 41%.

A Região Norte/Centro-Oeste é a única onde a maioria relativa – 43% – defende a decisão de manter o evento na Amazônia, segundo o relatório.

Em relação à preparação da cidade, metade dos brasileiros acredita que a capital paraense estará “pouco ou nada preparada” para sediar o evento. Já 29% preveem que a cidade estará “preparada ou muito preparada”. Outros 21% não sabem opinar a respeito.

Quais temas devem ser priorizados na COP30

Ao serem questionados sobre os temas que o Governo brasileiro deve priorizar na cúpula, o foco principal recai sobre a agenda florestal. As principais prioridades apontadas pela população são:

1. Redução do desmatamento e proteção de florestas (Amazônia, Cerrado etc.): 40%.
2. Recuperação e restauração de áreas degradadas e florestas: 27%.
3. Proteção dos direitos e territórios de povos indígenas e comunidades tradicionais: 13%.
4. Financiamento internacional para ajudar a enfrentar e reduzir os efeitos das mudanças do clima: 12%.
5. Saúde pública e redução de riscos associados às mudanças climáticas: 12%.
6. Educação, comunicação e sensibilização sobre a questão climática: 12%.
7. Redução de emissões de gases do setor agrícola e promoção de agricultura sustentável: 12%.
8. Transição para energia renovável (que não polui) e diminuição do uso de combustíveis fósseis: 11%.
9. Programas de apoio às pessoas afetadas por eventos climáticos extremos / apoio a populações vulneráveis: 9%.
10. Conservação da biodiversidade (rios, solos, fauna): 8%.

Expectativa e ceticismo

Para 59% dos brasileiros, as decisões tomadas na COP30 terão um impacto real e prático no combate às mudanças climáticas. 23% discordam totalmente ou em parte.