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Roberto Grosman, da F.biz: Pandemia é vivência exponencial em vida linear

Com o avanço do novo coronavírus, a F.biz mal teve tempo de testar o trabalho em home-office, e se viu migrando para uma operação 100% remota em três dias. “Quando sentimos que teríamos de migrar, preparamos um teste. Só que o negócio acelerou tão rápido que não foi teste, foi jogo”, diz Roberto Grosman, CEO da agência F.Biz.

A agência, que trabalha de casa há cerca de um mês, iniciou o trabalho em home-office com metade da equipe numa segunda-feira. Na quarta, todos já estavam remotos. Este é, segundo ele, um exemplo de como, durante a pandemia, estamos vivendo algo raro que é uma experiência exponencial. “E nossa vida é linear. A sensação é como um tsunami”, diz.

Felizmente, na migração da agência, todos foram salvos. “Funcionou muito bem. O primeiro nível é a segurança, e ninguém foi infectado. A segunda coisa é a continuidade no negócio. E as pessoas conseguem trabalhar melhor do que o esperado”, diz.

Não sem dor pela distância, a boa conexão e a fluidez da equipe neste momento vêm de uma proximidade cultivada dia a dia, segundo Grosman. “É muito desafiador, para todos e para a liderança mais ainda. Eu sou muito próximo das pessoas, sinto muita falta das minhas passeadas pela agência, e esse tipo de atitude não é replicável no digital.”

Para aumentar a sensação de proximidade com as cerca de 300 pessoas da agência, Grosman está atento para que essa conexão aconteça nos vários níveis. “Procuro estar muito próximo dos meus diretos e peço para que eles estejam próximos dos deles. Todo dia, dou um bom dia diferente, falo da temperatura, do que estou sentindo.”

E toda semana tem uma mega webconferência. “O COO faz uma live para todo mundo e é incrível porque a gente já tinha como cultura fazer um encontro com todos, para perguntas e respostas, que apareciam 100 pessoas. Nas lives todo mundo vai. Tanto que lotou a sala do hangout e tivemos de fazer um hack para caber.”

Acertando o tom dentro e fora

Uma boa comunicação interna se reflete na comunicação da agência com parceiros e clientes. E também nas campanhas. Segundo Grosman, isso é vital para enfrentar o desafio que se avoluma em escala sem precedentes em todo o mundo, e claramente impacta o trabalho com as marcas.

“Como me comunico? Algumas mensagens na rua que deixaram de fazer sentido precisaram mudar. Fizemos o que era urgente para depois entender como ajudar os clientes a se comunicar neste momento. Falar ou não falar? Ser otimista vai passar desconexão? Era preciso acertar no tom.”

Para a F.biz, a recomendação é que marcas priorizem o posicionamento e não as vendas neste momento. “Em termos de mensagem, todo mundo está muito preocupado em ser colaborativo, em prover algum tipo de serviço, seja de informação, produto, solidariedade. Não é mais a mensagem de ‘Compre porque limpa mais branco’. É ‘lave bem as mãos’.”

E a lógica exponencial também mexe com as referências. Os benchmarcks, de repente, deixaram de valer. “O consumo de meios mudou completamente no mundo. O OOH zerou. A TV teve um grande aumento de audiência, mas por outro lado mudou toda a sua programação. O jornalismo cresceu, o digital passou a ser mais relevante ainda. A preocupação com as fake news aumentou. São muitas as moving parts.”

Por isso, neste momento, dados precisos se tornam ainda mais estratégicos. “A gente está tentando ajudar os clientes a fazer um censo de tudo isso que está acontecendo, começando a pensar o agora, para poder planejar a retomada, como vai ser, como vai começar.”

Minibio

Roberto Grosman possui bacharelado em administração de empresas pela FGV-SP e MBA pela MIT Sloan School of Management, em Cambridge (EUA). Iniciou sua carreira empreendendo, como um dos fundadores do site Fulano, que deu origem à agência F.Biz. Atuou como executivo da Amazon.com e Senior Adsense Manager Latin America do Google. É CEO da F.biz.


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