O mercado se agitou há algumas semanas após notícias de que a Amazon negocia a compra da rede de supermercados Whole Foods. Além do impacto que a aquisição poderá ter no varejo — e também nas bolsas de valores –, o movimento da gigante do comércio eletrônico aponta para uma clara tendência: o online e o offline serão inseparáveis.
Analistas preveem que, com a compra, a Amazon poderá estabelecer um modelo em escala de consumo que une tecnologia e dados para revolucionar a experiência de compra nas lojas físicas e no delivery. Ou seja: será a completa fusão entre o online e o offline, que um dia já foram vistos como rivais.
O passo da Amazon segue para a concretização de uma tendência que já vem sendo apontada por outros movimentos do mercado pelo mundo, inclusive no Brasil. Já há casos de grandes e pequenos negócios brasileiros que nasceram online e depois montaram unidades físicas.
O próprio UOL, que é nativo digital, é um exemplo de como negócios online fazem a ponte entre o on e o off. Como maior empresa brasileira de conteúdo, serviços digitais e tecnologia, investe no mundo físico, com a produção de grandes eventos que geram conteúdo, como CarnaUOL e Burger Fest, e com o Pagseguro e suas Moderninha e Minizinha, que popularizaram o uso dos cartões no comércio.
Além disso, marcas que nasceram offline perceberam que o online é essencial em seus negócios e estão se transformando. É o caso de grandes redes de varejo como o Magazine Luiza. “A gente sempre acreditou num negócio multicanal. No passado, quando empresas dividiram seu negócio entre online e offline, nós resistimos a isso acreditando que no futuro, que chegou agora, a experiência do cliente seria multicanal. Ao trabalhar tudo debaixo da mesma empresa, seríamos capazes de oferecer uma experiência melhor e mais eficiente. Quando a Amazon faz esse movimento, está validando aquilo que a gente sempre acreditou.”
O caminho é sem volta para o e-commerce e para o comércio físico. Quem não souber explorar a relação entre o online e o offline, criando experiências de compra de fato em 360º, pode ficar para trás. O consumidor que cada vez mais em sua jornada usa a internet, desde o momento de pesquisa até a conversão, nos próximos anos vai experimentar uma relação indissociável entre o on e o off.
Publicidade multicanal
E isso vale, claro, para os modelos de negócio, mas invariavelmente também para a publicidade. Ser omnichannel, ou multicanal, já é mandatório para as grandes marcas. E, para criar estratégias certeiras, será vital não apenas saber equilibrar o investimento na presença de marca entre os meios online e offline como também tornar tudo conectado.
Quem é mais off vai precisar rever conceitos, se modernizar e lançar mão dos dados para abrir canais com seus públicos ao longo de sua jornada de consumo no online de forma mais precisa, inteligente e relevante. Quem é mais online terá de pensar formas mais criativas para promover encontros com seus públicos e oferecer experiências no meio físico, seja por ativações, presença em eventos, ou criação de novos pontos de contato. E tudo isso terá de conversar entre si.
No fim, o movimento da Amazon deve mostrar um caminho possível para algo que já se previa: marcas precisam combinar de forma inteligente estratégias on e offline para criar experiências e aprofundar sua relação com consumidores.