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ABA SXSW Insights: festival provoca responsabilização de marcas no uso das IAs

Imagem: Reprodução

José Saad Neto, head de insights da GoAd Media, durante mediação do evento ABA 65 Anos – SXSW Insights 2024

Festival queridinho dos publicitários brasileiros, o SXSW 24 (South By Southwest) provocou empresas e marcas a se responsabilizarem frente aos possíveis impactos que as IAs devem promover na sociedade. Para pensar junto sobre esse e outros temas mobilizados pelo evento, a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) realizou o ABA 65 anos – SXSW Insights, com nomes da indústria da comunicação.

O encontro digital iniciou com uma apresentação de José Saad Neto, head de insights da GoAd Media, das macrotendências do ano mapeados no “SXSW Insights 2024”, relatório elaborado pela consultoria, com apoio do UOL. O documento traz uma curadoria dos principais assuntos do festival. O paper completo, além de apresentações in-company, serão oferecidos pelo UOL a marcas e agências parceiras.

Questionamentos sobre como tratar as tendências do festival na realidade brasileira, sobre o modo como marcas devem se posicionar eticamente frente às inovações, além do papel da criatividade humana, na forma da arte e da poesia, como ponto de equilíbrio de um futuro tecnocentrado, foram alguns dos pontos altos da discussão.

Veja insights discutidos por lideranças do mercado, sobre o SXSW 2024:

Giovanna Bressane, Unilever: como guiar a tecnologia

O superciclo de inovação, apontado pela futurista Amy Webb no festival, exige responsabilidade das marcas no uso das IAs, segundo Giovanna Bressane, CMO de homecare da Unilever. Ao mesmo tempo que se abre um universo de possibilidades de inovação e criação, discussões importantes sobre vieses algorítmicos, direitos autorais, fake news não podem ser ignorados. Sem contar os impactos diretos na subjetividade das pessoas.

“Muitos temas vão sendo postos em cima da mesa, assim como impacto na saúde mental, na solidão ou felicidade das pessoas, no futuro do trabalho. Tem uma série de conversas que vão acontecendo que nos provocam a evoluir com regulamentação e ética. Empresas e marcas têm papel importante não só de fazer parte da regulamentação, mas de colocar intenção para mudar. É menos sobre aceitar e adotar a tecnologia, e mais sobre como usar esse alcance e as possibilidades para guiar a tecnologia.”

Ian Black, da New Vegas: o próprio festival tem viés

Na visão de Ian Black, CEO da New Vegas, antes de pensar em como adotar as visões de futuro propostas no SXSW, é preciso considerar que o festival tem um viés norte-americano que não olha para o Sul Global e muito pouco para a diversidade. “O SXSW é um recorte. Definitivamente, não pode ser encarado como o grande definidor das tendências que a gente vai atuar”, afirma. “É preciso ter um olhar mais profundo da população e das culturas brasileiras para ter de fato alguma perspectiva coerente do impacto dessas tecnologias aqui.”

Ele também questiona o fato de que muitas tendências apresentadas ainda estão numa esfera abstrata, sem aplicação na realidade o suficiente para compreender seus efeitos. “Qualquer tecnologia só ganha significado na relação com as pessoas. Como a gente está num lugar muito conceitual, em que ainda não está claro como as pessoas irão utilizar e desenvolver suas experiências com essas ferramentas, temos de tomar muito cuidado ao super prever coisas.”

Carol Braga, do UOL: humanizar a ciência com arte

Para Carol Braga, head de Consumer Insights do UOL, o festival provocou os participantes a pensar a tecnologia sem perder de vista o lado humano, ao unir arte e ciência. Essa tônica apareceu desde a sessão de abertura, que reuniu Lori Glaze, diretora da divisão de ciência planetária da Nasa, com a poeta norte-americana Ada Limón, que terá seus versos levados a uma das luas de Júpiter. Essa conexão também surgiu na apresentação de Joy Buolamwini, cientista e poeta, fundadora da Liga da Justiça Algorítmica.

“Foi como um recado do festival, de colocar a ciência e a arte no mesmo patamar. Que no fim das contas é o que faz a gente ser humano. A curiosidade da ciência junto com a emoção da arte é o que vale ser destacado. A dra. Joy traz esse olhar de poesia e ciência no campo do ativismo para combater vieses algorítmicos. Tanto na poesia como na ciência, ela pontua a necessidade de dizer que não somos pequenos demais e não é tarde demais para fazermos mudanças.”


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