Quando o foco é saúde e bem-estar do público acima de 45 anos, há uma lacuna de conteúdos e conversas, na visão da jornalista Mariana Ferrão, que comanda o programa “Conexão VivaBem”, no UOL. Ela será a apresentadora da 1ª edição do “VivaBem no Seu Tempo”, evento do UOL voltado ao público acima de 45 anos, que irá jogar luz a essas pautas.
“Existe muita carência em falar de bem-estar na maturidade. Primeiro, de se reconhecer nas pessoas e saber quem são os porta-vozes. Eu olho para elas e admiro? Quero ser como elas? O que elas estão dizendo?”, pontua a jornalista especializada em saúde, com uma carreira sólida na TV e no digital. Ela também é fundadora da Soul.me, empresa que orienta corporações em práticas de saúde mental, palestrante e integrante do Comitê Consultivo do Movimento Mente em Foco, da ONU.
Segundo ela, essa carência vem de uma visão pouco realista do mercado sobre o que é bem-estar para a população 45+. Com isso, os conteúdos nas mídias ainda são muito pautados por soluções para esconder a idade. “Eu não acredito que a gente resolva uma fase longa da vida com medidas intervencionistas e pontuais, para parecer mais jovem. Eu acredito numa prática diária, numa construção de bem-estar a longo prazo. E isso é algo que a gente, como mídia, não sabe explorar quando vende ‘pílula mágica’.”
Com 45 anos recém-completados, Mariana entende essa fase como de maior autoconsciência. “Eu vejo que é uma idade em que as pessoas estão fazendo uma revisão profunda, na qual o sentido vital reaflora. Só que com capacidade de olhar para os próprios incômodos e tomar medidas e providências. Como está a minha relação com casamento, com as pessoas, com a empresa? O que eu não quero mais? Que alimentação não quero mais?”
São questões que representam jornadas decisivas e de longo prazo na vida das pessoas, para as quais faltam conversas e interlocutores entre público e marcas. ”Eu acho que há uma grande oportunidade de comunicação aqui. Se eu quero ser marca, produto, ou um projeto que vai te acompanhar pela maior fase da sua vida, é preciso construir juntos todo dia, no passo a passo.”
Mas, para isso, a conversa precisa deixar de ser a da busca pela “juventude eterna”, segundo a jornalista. “O discurso tem de ser maduro o suficiente para saber que a vida não tem atalho. Isso também ajuda as marcas a entenderem que existe maturidade nesse mercado a ser explorado. Que aos 45 eu não quero mais subir e descer, eu quero alguém — pessoas e empresas — que esteja do meu lado.”
Mariana diz isso do ponto de vista de quem lida hoje tanto com uma comunicação direcionada ao público final, como também ao público decisor dentro das corporações. Segundo ela, o caminho para a conexão entre marcas e o público 45+ precisa ser realista e superar estigmas.
“Falta as marcas olharem para os perennials e dizer ‘Oi, eu te vejo e reconheço suas dores e potências’. E para isso, primeiro as pessoas precisam ser vistas com a idade que elas têm. O que é essa idade? Estou ajudando a criar um mercado que tenha orgulho do que adquiriu nessas décadas de vida? Cabe a reflexão se eu estou contribuindo para acreditarem que existe milagre ou se a relação de marca que estou construindo é de longo prazo e de coerência.”