2025 é o ano em que Belém (PA) será sede da COP30 – 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O evento deve marcar um momento decisivo não apenas para o país, como também para as marcas. Para Tomás Correa, co-fundador e CCO da agência Felicidade Collective, o evento pode impulsionar um novo posicionamento estratégico que permite às marcas atuarem junto na liderança pela regeneração do planeta.
“O Brasil e as marcas brasileiras têm capacidade de liderar essa transição? Acredito que muito. O Brasil é um país extremamente criativo, apesar do pouco investimento”, afirma. “E tem um potencial enorme. A gente tem os biomas, que são ricos e diversos. Tem os saberes ancestrais das comunidades ribeirinhas, indígenas e um ecossistema rico. A gente mantém aqui uma oportunidade de empresas se relacionarem de forma autêntica com essa nova economia, para regenerar aquilo que está degradado. Sustentar não é o suficiente. É preciso regenerar.”
O contexto mundial, no entanto, é desafiador. O ano começou com notícias de que o governo norte-americano retrocederá na questão, ao anunciar a saída dos EUA do Acordo de Paris. O tratado prevê um esforço dos países para a redução de gases do efeito estufa. Na avaliação de Tomás, isso pode esfriar algumas discussões da COP30. No entanto, o recuo não esconde os problemas do planeta, que são urgentes.
“A emergência climática vai além. E está sendo percebida cada vez mais por marcas e empresas no sentido de que, se a gente não tomar atitude agora, a questão pode se tornar irreversível. E não sabemos se estamos agindo na velocidade em que precisamos estar, mas quem está comprometido não vai voltar para atrás.”
Com o Brasil no centro das discussões climáticas globais, empresas que atuam no país e desejam reforçar seu compromisso com a sustentabilidade têm tudo para estar um passo à frente. “Colocar a Amazônia no centro do mundo de novo nos permite refletir sobre como promover o desenvolvimento local, como manter a floresta de pé enquanto incluímos a sociedade na economia regenerativa. É uma oportunidade de inspirar mudança”, afirma.
Mas, segundo Tomás, é importante entender que essa não é uma estratégia de curto prazo. “O Itaú. por exemplo, direcionou investimento para financiar esse tipo de iniciativa que é a bioeconomia e a sociobioeconomia – empresas, comunidades e startups que promovem economia regenerativa da floresta. Mas, embora o investimento chegue com olhar de startup, não se pode esperar um retorno como o de uma startup do mundo digital, porque não vem. Essa é uma outra maneira de pensar e desenvolver a economia. Tem que considerar o impacto de médio prazo, porque não é escalável a curto prazo.”
Com a COP30 no Brasil, a pauta da nova economia ganha ainda mais relevância, já que grandes eventos globais costumam acelerar tendências e trazer novas perspectivas para o mercado. Mas há um cuidado de não encarar a conferência de uma perspectiva marqueteira. “Você não pode olhar para a COP como um grande evento de exposição de marca. É preciso separar muito bem o que é a oportunidade de sediar essa conferência no Brasil do oportunismo. Realizar o evento aqui significa que precisamos aproveitar a oportunidade para olhar para dentro, entender as demandas internacionais e locais.”
Esse olhar conversa com a missão da Felicidade Collective, agência que entrega estratégias para negócios interessados em fazer parte da nova economia, segundo Tomás. “Nosso propósito é ajudar empresas que querem sair do ‘business as usual’ e têm a intenção de caminhar para essa jornada de transformação sustentável. É sobre intencionalidade”, explica.
Para ele, 2025 será um ano crucial para que empresas definam seu papel na transição para um modelo de negócios mais sustentável e regenerativo. “As marcas devem olhar para a COP e entender qual é o seu papel. Elas podem decidir não participar, apenas aprender, ou podem assumir uma postura ativa e se tornar protagonistas dessa mudança.”
Nesse sentido, a transparência e a disposição para aprender são fatores essenciais para começar. “Ninguém precisa ter vergonha de estar no começo dessa jornada. Quando o assunto é regeneração, a transparência é essencial. Explique por que está começando agora e experimente a reação do consumidor. A autenticidade é muito valiosa na construção dessa relação com o socioconsumidor. Não se trata de cometer greenwashing, mas de uma verdadeira intenção de mudança. É sobre fazer o que se pode fazer.”