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SXSW 24: Empresas precisam evitar retrocessos em diversidade, diz Renata Rivetti 

Imagem: Flavio Teperman/Divulgação

Após várias edições em alta no SXSW 24 (South By Southwest), principal evento de criatividade e inovação do mundo, o tema diversidade e inclusão esteve presente de forma mais tímida este ano no festival. Mas não porque a realidade no mundo corporativo está mais equitativa, mas por conta de um backlash, segundo a avaliação de Renata Rivetti, especialista em felicidade corporativa.

“As palestras específicas sobre diversidade, equidade e inclusão (DEI) não foram muitas. E elas falaram sobre a mesma coisa: o quanto não devemos retroceder”, afirma a consultora, que realizou uma cobertura especial do festival para a VidaLink, empresa de bem-estar corporativo.

Segundo ela, a pauta vive um momento de backlash, inclusive com líderes mundiais como Bill Ackman e Elon Musk atuando no movimento anti-diversidade. “Foi dito em todos os painéis que está acontecendo um retrocesso e o quanto é importante não deixar acontecer. A gente vê sempre ciclos de diversidade e inclusão tendo um boom, e aí de repente as empresas falam: ‘vamos olhar a eficiência e vamos priorizar outras coisas’. O mesmo acontece com  saúde mental e bem-estar. São lugares para onde muitas empresas ainda têm uma visão antiquada, de que esses temas são antagonistas dos resultados.”

Mas, para Renata, marcas que dão atenção a essas pautas colhem, pelo contrário, melhoria qualitativa na produção e nos resultados. Um dos motivos para marcas e empresas investirem em diversidade, equidade e inclusão (DEI) é se atualizar para as formas de trabalho do futuro, estando mais aptas à inovação.

“Muito do que ouvi lá no SXSW é que a nova força de trabalho, da geração Z, não vai querer trabalhar em empresas que não tenham valores similares aos que ela acredita. Hoje a gente vê muitos jovens falando que não querem trabalhar numa empresa que não seja diversa, que não tenha líderes diversos e que não tenha equidade e inclusão. Isso é perder talentos.”

Além disso, um ambiente diverso é mais fértil para novas ideias e disrupção. “Empresas com DEI têm mais inovação, porque se todos têm o mesmo olhar não tem inovação. E isso hoje é essencial para a sustentabilidade do negócio. Empresas que investem em DEI têm pessoas que de fato se sentem mais autênticas, que podem expressar suas ideias, não têm medo. E são empresas onde as pessoas têm mais bem-estar, saúde mental e felicidade de forma geral. Quando isso se resume em dados bem práticos, acaba que essas organizações têm um resultado financeiro melhor.”

Para frear o retrocesso nos avanços que já conquistados, Renata diz que as discussões no SXSW foram muito em torno de transformar discurso em ação. “Principalmente, sobre como a gente sai dessa ideia de que diversidade e inclusão se dá apenas através de um letramento, porque tem muito mais a ver com as práticas, com o dia a dia, com mudança de mentalidade do que um workshop. A grande preocupação é como a gente garante que hábitos, atitudes e processos façam parte das organizações em temas já deveriam ser mais do que óbvios.”

Essas ações passam por formar times mais diversos, mas também saber como receber e acolher pessoas. “Na prática, é preciso criar espaço para conversas. Sinto que quando DEI fica muito focado em letramento de liderança em datas de conscientização, com um monte de palestra, no final há pouco espaço de fato com segurança psicológica para as pessoas falarem como se sentem. Rodas de conversa, mentorias reversas, criar uma escuta ativa são importantes.”

Outro ponto de atenção que representa um risco à diversidade é o uso das inteligências artificiais. No SXSW 24, também foram debatidas formas de atenuar potenciais desigualdades produzidas pela tecnologia. “Certamente uma das coisas que mais se discutiu foi que a gente precisa ir testando e usando, porque a IA é cheia ainda de vieses e erros. O desafio é como a gente experimenta para que ela trabalhe a nosso favor e não fique desatualizada de pautas para um mundo mais humano, justo e diverso.”


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