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Simone Kliass, da XRBR: marcas que sabem usar voz no branding saem na frente

Imagem: Divulgação

Com o boom recente do áudio, alavancado pelas tecnologias de assistentes de voz e ascensão dos podcasts, ficaram claras as oportunidades de conexão rica com o público por meio da audição. Para Simone Kliass, voice artist que levou três troféus no SOVAS Voice Awards, o Oscar da locução, o potencial do áudio não para aí. Ele está presente o tempo todo na vida das pessoas de forma naturalizada, o que oferece um campo vasto para marcas.

Muitas empresas que incluem estudos de voice branding em suas estratégias estão saindo na frente”, afirma Simone, que também é consultora de inovação, pesquisadora de conteúdo imersivo, cofundadora da Associação Brasileira de Realidade Estendida (XRBR), e presidente do comitê de XR, Games e Metaverso do IAB Brasil.

“Uma característica do nosso trabalho é que estamos presentes 24 horas na vida de todo mundo. A gente é impactado pelas vozes em off na hora que acorda, quando fala com a Alexa, pelo rádio no carro, podcast, tutorial em vídeo. Quando vai para o metrô e escuta os avisos, ou no aeroporto, durante um voo. A gente o tempo todo é impactado pelo trabalho com a voz.”

Porém, quando se fala na expressão de uma marca, muitas deixam de considerar como ela seria em voz alta. E isso precisa ser olhado de forma mais estratégica, defende a locutora. “O voice branding faz parte do branding. Muitas vezes quando se faz a reunião para encontrar o tom de voz da marca, a gente não pensa que nesse pacote existe a própria voz.”

Mas as possibilidades com o áudio não se limitam à brand persona, segundo Simone. Elas aparecem em cada peça, alinhadas ao tom e ao propósito das marcas. A consultora usa como exemplo um de seus trabalhos premiados no Sovas Awards, realizado para o Banco Pan. “Eles queriam mostrar firmeza, objetividade e confiança na voz de uma mulher. Quando comecei na locução, mulher não gravava para banco, nem para carro. Acho uma escolha legal, que usou todas as características de inovação do banco para poder trazer isso.”

Seus outros trabalhos vencedores foram para Samsung, na categoria de vídeos corporativos, em que Simone fez locução para um projeto de sustentabilidade. “Já era um tom mais suave: ‘Vem com a gente, vamos tentar junto mudar as coisas’”, afirma. E para a Netflix, com a audiodescrição da série documental “Todo Dia a Mesma Noite”, sobre a tragédia da boate Kiss. Segundo a consultora, essa locução nas plataformas de streaming que muitas vezes é feita por máquinas, para o projeto, a voz humana era fundamental.

o campo para as oportunidades com a voz fica ainda maior quando explorado junto às novas tecnologias. Segundo Simone, num futuro não tão distante com menos telas, mais wearables e dispositivos imersivos, a voz poderá assumir a via de conexão central na comunicação com as pessoas em muitas ocasiões.

A voz é uma interface que permite que estejamos com as mãos livres para nos comunicar. A gente ganhou novas possibilidades com a tecnologia. Uma campanha pode se utilizar de um áudio interativo imersivo, em que cada ouvinte pode trilhar uma jornada diferente. As marcas estão começando a se atentar que dá para ser criativo e inteligente com áudio e com as inteligências artificiais.”

Para Simone, a tendência é que, com a evolução tecnológica, cada vez mais a figura do “ouvinte” se transforme, deixando de ser um receptor passivo para participar ativamente da comunicação. “Quando comecei a entender o potencial da realidade virtual, vi que o audiovisual pode permitir mais protagonismo para quem está participando, que ele não é só um ouvinte. A gente vê muito isso nos games e no metaverso em evolução. As marcas estão ficando mais atentas a plataformas de mundos virtuais em que as pessoas interagem de forma avatares sincronamente.”


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