Crianças e adolescentes brasileiros esperam um Natal mais feliz este ano do que no ano passado. E eles estão mais conscientes sobre as problemáticas sociais. Esses são alguns dos sinais que mostram que os pequenos têm uma forte percepção sobre o mundo ao seu redor, segundo Gastón Stochyk, sociólogo e managing director da Askids, empresa especializada em pesquisas e insights sobre o público infantojuvenil.
“As crianças e os adolescentes não vivem alienados do mundo, eles são muito conscientes. Nesse sentido, é uma oportunidade para marcas que trabalham com propósito, que encontrem um posicionamento relevante, mais do que emocional, para criar outro tipo de vínculo com as crianças”, afirma o executivo.
Para ilustrar como o público infantojuvenil está olhando para o Natal no Brasil, ele cita dados de uma pesquisa ainda inédita da Askids, revelados em primeira-mão ao UOL para Marcas. “Perguntamos qual das frases reflete melhor o que se sente sobre Natal. E 70% responderam que ‘O Natal deste ano será melhor do que no ano passado’”, diz, citando que a pesquisa foi realizada em setembro com 3.368 respondentes.
O levantamento mostra que, para as crianças brasileiras, a data significa passar mais tempo com a família (53% dos respondentes), uma festa religiosa (29,1%), ganhar muitos presentes (18%). Além disso, 45% dos entrevistados já sabem o que pedir de presente. A pesquisa completa ainda será divulgada ao mercado.
A Askids nasceu na Argentina e passou a atuar no Brasil em agosto. Segundo o executivo, a metodologia usada para obter esses dados conta com um painel interativo, onde usuários cadastrados respondem a questionários, respeitando todos os critérios de consentimento de uso de dados. Crianças e adolescentes de 3 a 18 anos participam com autorização dos pais ou acompanhamento integral ou parcial, conforme a idade. No caso das crianças até seis anos, os pais respondem fazendo uso de recursos de verificação para garantir que a resposta é da criança.
De acordo com Gastón, a Askids busca preencher um gap de informações e ferramentas sobre o público infantojuvenil, lacuna essa que fez muitas marcas trabalharem até agora “no feeling”. “Inclusive as mais tradicionais do ramo de brinquedos.” Para ele, há inúmeras possibilidades de segmentação dentro desse target, algo que vinha sendo subestimado. “É um público que tem sua complexidade particular que precisa ser compreendida, mas vinha sendo tratada de uma perspectiva mais generalizada.”
Sobre o dado de que crianças estão mais cientes das questões sociais, Gastón diz que isso foi intensificado pela pandemia. “Houve uma aceleração de tendências que provavelmente já despontavam antes da pandemia. E claramente crianças e adolescentes estão muito conscientes sobre as problemáticas sociais. Será muito importante para marcas e empresas entenderem que preocupações são essas para poderem se conectar.” Entre as principais preocupações estão o coronavírus (49%) e a pobreza (40%), diz a pesquisa.
Poder se conectar com as crianças significa conversar com a família toda. “É um target relevante para todo universo de marcas. Muitos dados indicam que marcas de consumo, devices eletrônicos, turismo e outras categorias que não falam com o target precisam compreendê-lo, porque crianças influenciam diretamente nas vendas para o lar e no consumo das famílias.”
Além disso, para empresas que buscam insumos sobre como se posicionar no longo prazo, conhecer o pensamento dos pequenos é estratégico, diz Gastón. “Alguns dos nossos novos clientes são companhias que não estão focadas no segmento infantil, como indústria financeira, mas estão pensando no target futuro.”