Como furar as bolhas algorítmicas para gerar conversas mais livres e criar campanhas mais criativas? Dessa provocação nasceu o projeto “Cadeira na Calçada”, lançado há uma semana pela agência Talent Marcel. Trata-se de uma série de vídeos que se inspira nos bate-papos descontraídos entre vizinhos na porta de casa, para incentivar trocas de ideias soltas, mas sem deixar a inteligência de dados de lado.
“A gente bebe nesse comportamento muito brasileiro, de colocar a cadeira na calçada para ter conversas fluidas, num contexto em que as tecnologias nem sempre favorecem as conversas. As pessoas estão se falando menos, e cada vez mais as bolhas e algoritmos criam silos. A gente precisa quebrar esses silos”, afirma Douglas Nogueira, head de Data e Insights da Talent e idealizador do ‘Cadeira na Calçada’.
O primeiro episódio, sobre a relação da tecnologia com a sociedade, colocou dois experts em suas áreas – Rodrigo Terron, CCO da Rockseat e Tarcízio Silva, Senior Tech Policy Fellow da Fundação Mozilla –, para falar o que pensam das implicações dos avanços tecnológicos no trabalho e na vida das pessoas. “A tecnologia foi escolhida como tema de abertura, porque influencia todos os outros assuntos. Por outro lado, a pauta faz esse contraste com o papo na calçada, numa abordagem em que a tecnologia é ‘hackeada’ para que as conversas se estabeleçam.”
Ao todo, serão seis episódios de meia hora, disponíveis na página da agência no YouTube, e cortes são publicados na landing page do projeto. Serão abordados os assuntos: tecnologia, religião, finanças, representatividade, etarismo e mobilidade. A escolha de cada tema passou por um mapeamento de dados, e os papos buscam extrair novos desdobramentos a partir deles.
“O ‘Cadeira na calçada’ é diferente de um debate, é sobre diálogo. O produto do nosso trabalho é uma conversa em que não existe certo ou errado. Por isso, é importante que as pessoas que a gente convida tenham opiniões e perspectivas diferentes sobre os mesmos temas”, diz o idealizador.
Mais que um produto de comunicação, o projeto deve funcionar, para a agência, ao mesmo tempo como um gerador de insights, experimento de como tratá-los nos trabalhos criativos. “Mapeamos seis assuntos que estão relacionados com categorias de clientes que atendemos”, diz Douglas. “A partir desse mergulho em conversas que partem dos dados, vamos capturar insights que podem contribuir em nossas recomendações de campanhas.”
Segundo Douglas, o projeto está alinhado ao novo momento da agência, que se estabeleceu com a chegada de Lica Bueno, como CEO, e se direciona pela revalorização da criatividade. “A Talent é uma agência que sempre esteve muito conectada com a cultura e o comportamento das pessoas, com capacidade de traduzir isso em campanhas memoráveis. Sempre esteve no nosso DNA traduzir uma necessidade de negócio, com uma comunicação muito popular, fazendo pontes, entendendo das pessoas. Hoje, a agência tem feito um trabalho de resgatar esse DNA de forma contemporânea.”
Dessa forma, o projeto também contribui na comunicação institucional da Talent. “O ‘Cadeira na Calçada’ é uma resposta a esse posicionamento, de que a conversa muda tudo. Ele nasce para fazer essa ponte, de como a gente pode entender o comportamento das pessoas para além dos dados. Porque uma das características do projeto é que ele nasce do BI, tem uma inteligência de mapeamento de assuntos importantes sobre um problema que a gente precisa resolver de comunicação. E, a partir desse mapeamento, vamos entender o que está por trás dos dados para criar esse momento da conversa.”