Se navegar pela internet fosse uma experiência totalmente livre de anúncios, a maioria dos brasileiros se conectariam menos ao digital. E as classes mais baixas da população teriam acesso limitado aos conteúdos. Esses são os principais achados da segunda onda da pesquisa “Como Seria a Internet sem Anúncios”, desenvolvida pelo IAB Brasil em parceria com a Offerwise, que divulgou os resultados este mês.
Segundo o levantamento, 60% dos entrevistados disseram que se tivessem de pagar para ter acesso aos serviços e conteúdos, que atualmente são gratuitos e patrocinados, eles optariam por usar menos a internet.
A pesquisa que consultou 1.500 pessoas online acima de 18 anos, nas cinco regiões do país, de todas as classes sociais, tem como objetivo entender como os brasileiros se sentem em relação à publicidade online e qual seria o comportamento deles caso fosse necessário pagar para ter acesso a diversos serviços digitais
Quando questionados sobre a utilidade da publicidade no ambiente digital, 75% dos respondentes disseram que a consideram útil em sua jornada de compra. Em 2022, este número era de 73%, mostrando um crescimento da aderência aos anúncios.
Ao observar como eles se sentem na relação com a publicidade digital, a descoberta foi que dois em cada três internautas consultados (63%) preferem continuar consumindo conteúdos gratuitos com a presença de anúncios direcionados. No ano passado, essa proporção era de 61%.
O poder de escolha na hora de pagar pelo acesso também é relevante: 94% dos brasileiros entrevistados acreditam que é importante poder decidir por quais serviços digitais desejam ou não pagar. Nessa decisão, a qualidade do conteúdo aparece como o principal critério, para 92% da amostra. Em seguida, vêm “quanto eu preciso dessa informação ou do serviço”, para 92%; e “se isso me mantém em contato com colegas, familiares e amigos”.
Mas, se os anúncios acabassem, eles aceitariam pagar por serviços que hoje são gratuitos? Segundo o levantamento, 69% dos respondentes estariam dispostos a assinar mensalmente entre 1 e 5 aplicativos e serviços digitais. Outros 22% topariam fazer entre 5 e 10 assinaturas; 5% pagariam por 15 a 20 assinaturas; e 2%, por mais de 20 assinaturas.
O estudo conclui que, se o acesso a conteúdos e serviços online fosse totalmente pago, a exclusão digital seria acentuada no país. “As classes mais baixas seriam as mais impactadas na utilização desses serviços, que seriam reduzidos caso o cenário de cobrança fosse obrigatório. Isso pode reforçar desigualdades econômicas e sociais, uma vez que muitos indivíduos ficam excluídos das oportunidades oferecidas pela tecnologia”, diz o relatório.
Além disso, na obrigatoriedade de pagamento, haveria a tendência de redução de uso desses aplicativos e sites. Neste cenário hipotético, conteúdos considerados de boa qualidade e informações com alta relevância estariam no topo da escolha.