Depois de um 2020 imprevisível, será possível visualizar algo para 2021? Cravar previsões, talvez, não. Mas as guidelines estão aí. E o report “Brave New Normal: Creative 2021 Trends” (Admirável Novo Normal: Tendências Criativas 2021), do Grupo Dentsu, busca identificar cinco movimentos — todos eles atravessados pela tecnologia — por onde a criatividade deve se manifestar no próximo ano.
“Apesar de seus desafios, 2020 proporcionou aos profissionais de marketing e agências uma oportunidade de redefinir e mudar o paradigma de negócios e construção de marca”, afirma Jean Lin, CEO global da Dentsu Creative, na abertura do relatório, enfatizando que esse novo cenário deve funcionar como uma tela aberta à criação. “A tecnologia revela o poder da criatividade conectada, e esta é a maior oportunidade que nosso setor já conheceu.”
O documento foi criado por uma equipe global de estrategistas, criativos e tecnólogos de agências pertencentes ao grupo Dentsu, incluindo dentsumcgarrybowen, Isobar, 360i e agências Dentsu. O relatório, que também inclui percepções e estudos de caso, está disponível gratuitamente para download.
Veja cinco temas para 2021 apontados pela Dentsu:
1. Virtual experience economy
De acordo com o report, em 2021, as condições estarão postas para a emergência de uma economia voltada a produtos e experiências virtuais. Esse cenário foi acelerado pela pandemia, que levou mais pessoas à imersão no digital, e encontrará um terreno ainda mais favorável com o 5G. Os sinais disso estão em muitos territórios, inclusive nos que já têm ditado tendências, como os games. “Vimos avanços rápidos no design de experiência inspirado pelo mundo dos jogos — trocando videoconferências por experiências imersivas, facilitadas pela tecnologia e aprimoradas com dados”, diz o documento.
2. Desejo de simplicidade
Quase como efeito reativo às experiências virtuais, é possível enxergar um desejo crescente de autenticidade, simplicidade e vida em comunidade. “Entre os creators em ascensão, vemos um forte desejo por conteúdo não filtrado e vozes novas. Com a alta do movimento cottagecore (estética da internet que valoriza a vida rural), o crescimento da comida caseira, da jardinagem e o potencial do trabalho remoto para acelerar a mudança da vida urbana, vemos um anseio por um modo de vida mais simples”, diz o report, apontando criadores independentes que monetizam conteúdo numa abordagem mais aberta e inclusiva.
3. Menos contato, mais proximidade
À medida que as tecnologias contact-less se difundem e tornam as lojas menos humanas, as marcas buscam aproximar pessoas, criando narrativas mais sociais e pessoais. Isso tem sido impulsionado pelas plataformas de streaming ao vivo, segundo o report. “Por um lado, 2020 viu um aumento dramático em tecnologias sem toque e conceitos de varejo projetados para reduzir o contato físico entre funcionários e clientes. Para contrariar isso, as marcas adotaram novas formas de restaurar um senso de humanidade e serviço personalizado à experiência do cliente.”
4. Eu, eu mesmo e IA
A pandemia mostrou o quanto dados pessoais de saúde podem ser vitais ao bem coletivo, o que deve acelerar a noção de corpos como fontes de dados. Isso deve gerar uma tensão contínua entre privacidade, bem-estar pessoal e interesse público, segundo o Grupo Dentsu. “Vimos avanços crescentes na tecnologia biométrica com o lançamento do Amazon Halo e a evolução do Apple Watch, juntamente com um foco maior no monitoramento do humor e bem-estar mental.”
5. Marcas aliadas
À medida que as desigualdades sociais aumentaram e o movimento Black Lives Matter ganhou impulso, ficou clara a emergência de marcas como força aliada na promoção do bem social. “No futuro, veremos as marcas se tornarem aliadas na condução de mudanças estruturais e sistêmicas”, prevê o report. “Em uma era de transparência radical, não haverá espaço a marcas que dizem uma coisa e fazem outra.”