“Re-perceber a realidade” é o chamado que a futurista Amy Webb, fundadora do Future Today Institute (FTI), faz para o ano, em resposta à expectativa de um “novo normal” pós-pandêmico. Numa das apresentações mais esperadas do South by Southwest (SXSW), ela lançou o seu 15º relatório anual “Tech Trends Report 2022”, com mais de 600 tendências relacionadas à tecnologia.
“Nosso relatório foi desenvolvido para ajudar a re-perceber o mundo, e assim poder enfrentar a incerteza profunda, adaptar-se e prosperar”, diz na abertura do documento. Ao todo, o “Tech Trends” aborda 13 áreas de inovação tecnológica que vão impactar sociedade e negócios nos próximos anos. São elas: Inteligência Artificial, Privacidade, Metaverso e Mídia, Trabalho e Cultura, Notícias e Informação, Saúde e Medicina, Home of Things, Governos e Tecnologia, Robotização, Descentralização e Blockchain, Telecomunicações e Computação Quântica, Biologia Sintética e Clima.
Em especial, aqui, a gente destaca as implicações do Metaverso. “Com uma gama crescente de interfaces virtuais evoluindo continuamente, é fundamental fazer distinções entre os vários formatos que abrangem o espectro de realidade-virtualidade. Revisar as definições entrelaçadas do metaverso, AR, VR, MR, XR e DR – com mais Rs inevitavelmente a caminho – é o primeiro passo para entender melhor o futuro do campo.”
Veja três frentes afetadas por tecnologias de realidade-virtualidade, que deverão impactar estratégias de comunicação, publicidade e negócios:
Espaços digitais
Espaços digitais servirão como fundamentos no metaverso, segundo o relatório, espelhando atividades e experiências que se assemelham cada vez mais às dos ambientes presenciais. São espaços virtuais em 3D, que emulam os do mundo real – como residências, locais de trabalho, áreas de evento e lojas de varejo –, abrindo novos mercados na virtualidade. “À medida que empresas de todos os setores desenvolvem estratégias para estender seus produtos e serviços ao metaverso, a criação de espaços digitais proliferará.”
Identidades digitais
As identidades virtuais – ou avatares – já são campo para diversos movimentos, segundo o relatório. Um deles é o da portabilidade de avatares entre plataformas, ou seja, a possibilidade de uma identidade digital transitar em ambientes virtuais diversos, criados por softwares e empresas diferentes. Isso “será fundamental para criar uma experiência de usuário perfeita”. No sentido oposto, outra tendência é a da fragmentação de personas digitais. “Na ausência de avatares universais, os usuários criam múltiplas versões de si mesmos, cada uma adaptada ao contexto que habita, mostrando variadas facetas.”
Mídia sintética
Destaque pelo terceiro ano seguido no “Tech Trends”, a mídia sintética é apontada como campo para ação imediata das marcas. Consiste em conteúdo digital gerado por algoritmos, incluindo áudio, vídeo, personagens e ambientes virtuais. “Clones de voz, voz dinâmica e skins faciais, gestos, vídeos e bots interativos fazem parte do ecossistema. A mídia sintética pode ser usada para gerar personagens em filmes de animação, criar avatares para plataformas digitais e metaverso ou atuar como substitutos para talentos de ação ao vivo.” O relatório destaca a existência de um mercado especializado em mídia sintética, e cita a Lu do Magalu como exemplo de virtual influencer e produtora de conteúdo.