O ano virou, mas as perdas e desafios impostos pela pandemia seguem mobilizando transformações em todos os setores e indústrias. Em 2020, o mundo foi testemunha de modificações drásticas: desde a forma como as pessoas se relacionam, trabalham, consomem, moram e até se divertem. Que movimentos devem se consolidar em 2021? O que deve estar no mapa das marcas para se posicionarem na retomada?
Curadoria do blog UOL AD_LAB enumera três macrotendências apontadas em reports e mapeamentos de consultorias internacionais, que devem impactar estratégias das marcas em 2021:
1. Deslocamento coletivo
Tudo mudou de lugar para todos. Relatório Fjord Trends 2021, da Accenture, analisa que o distanciamento social durante a pandemia provocou um deslocamento coletivo simultâneo da rua para casa, do presencial para o digital, dos grandes centros para o interior. “A pandemia global deslocou a forma como e onde trabalhamos, aprendemos, fazemos compras e nos divertimos — e até mesmo onde vivemos”, diz o report. Esses novos territórios, analisa o documento, devem se solidificar nas relações entre marcas e consumidores.
Segundo o Fjord Trends, esse cenário acrescenta um desafio importante a marcas e negócios que dependem da exposição cotidiana que antes era natural aos consumidores em suas jornadas. “Muitas empresas agora precisam enfrentar o fato de que os clientes que conheciam tão bem mudaram”, diz o relatório, apontando que marcas precisam buscar maneiras de se tornar mais visíveis. A saída, sugere o report, está na exploração de novas experiências que privilegiem o digital, proporcionem diversão de forma imersiva, recriem vivências, permitindo às marcas criar um pouco de “mágica” ao comércio eletrônico.
2. Crise de saúde mental
Um dos grandes desafios de 2021 deve ser uma crise de saúde mental, que “exigirá das marcas retomar a linha de frente em ações sociais”, assumindo causas relacionadas ao tema no pós-pandemia, aponta o report “Connecting the Dots 2021” (Ligando os pontos 2021), da consultoria Global Web Index. Pesquisa global realizada em sete países incluindo o Brasil mostrou que a saúde mental é mais preocupante para as gerações Z (34%), millennial (32%) e geração X (28%) do que a chegada da vacina (32%, 30% e 26%, respectivamente).
O relatório destaca ainda que, no Brasil, “os usuários de internet se preocupam mais com sua saúde mental do que em outros países”. O estudo aponta “correlações claras” entre o consumo de mídia social e notícias com questões de saúde mental. Além disso, a pesquisa mostrou que os maiores aumentos de angústia ocorreram entre os jovens, que sofreram grandes interrupções em sua educação e no início da vida adulta. “Mulheres também foram afetadas de forma desproporcional, com muitas tendo de assumir responsabilidade maior com os cuidados familiares”, diz o estudo.
3. Do ativismo à ação
Em 2020, o propósito de marca abriu espaço para o brand activism, com marcas se posicionando politicamente e participando de movimentos com Black Lives Matter, por exemplo. Neste ano, marcas deverão ser cobradas por suas ações, segundo o estudo Tendências e Previsões de Mídia 2021, da Kantar. “Buscando se diferenciar em um ambiente de mídia saturado, as marcas compartilham cada vez mais suas opiniões e se envolvem na área de políticas públicas. As oportunidades de sucesso ou fracasso são reais e, embora a paixão por uma causa possa ser forte, se as marcas apenas falarem e não fizerem nada, a credibilidade delas será questionada”, diz o relatório.
O diagnóstico cita a pesquisa global BrandZ que constatou que agir com responsabilidade é o que mais influencia a reputação de uma marca (49%). “As marcas veem o ativismo como uma forma de conexão significativa com os consumidores, que assumem uma posição cada vez mais ativista ao decidir o que comprar – uma tendência acelerada pela pandemia do coronavírus.”