Richard Garcia, conhecido no meio gamer como Gigante Richard, faz lives diárias gigantescas: duas, três, cinco, sete horas transmitindo partidas de videogame sem parar. São reviews de jogos variados ao vivo, com a participação dos fãs que interagem e perguntam. Sua base não apenas se mantém engajada durante horas, como também paga assinatura para que ele continue firme na rotina.
Foi esse apoio financeiro do público que o permitiu se dedicar inteiramente às transmissões de gameplays, após ser demitido do emprego de gerente numa cafeteria do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
Na época, havia sido lançado o game Tom Clancy’s The Division, da Ubisoft, que deixou Richard vidrado. “Eu comecei a atrasar muito no trabalho por causa do jogo e o dono me dispensou. Voltei para casa, a renda com o canal já era mais do que eu tirava na cafeteria. Cheguei na esposa, e disse que ia tentar viver só de streaming três meses”, conta.
Decisão acertada: ele tinha em torno de 60 assinantes pagos. Com o empenho exclusivo aos games, conseguiu fazer sua base se multiplicar. “Em coisa de quatro meses, fui para 600. Dobrei a carga horária, fazia transmissões cerca de 10 horas por dia.”
Com isso, Richard conseguiu não apenas mudar de profissão como também ganhar mais projeção, chamando a atenção de grandes marcas e plataformas. Ele é um dos influenciadores parceiros do Start, recém-lançada estação do UOL que produz conteúdo de referência em games e eSports. “Fiquei lisonjeado e feliz (com a parceria). É fruto de muito esforço nessa indústria.”
Além disso, recentemente, após negociações, Richard migrou suas transmissões que antes eram realizadas na plataforma Twitch para o Facebook. A mudança o levou a reconstruir a base de assinantes (cerca de 35% migraram com ele), mas a contrapartida é ter conquistado um contrato de remuneração mais estável, podendo reduzir as horas diárias de transmissão. “Gravo oito horas para achar que tenho um trabalho normal. E tenho mais tempo para parte criativa.”
As marcas (endêmicas e não endêmicas) também estão com Richard: Amazon, Razer e Banco do Brasil são seus patrocinadores. “Quando procuram a gente, primeiro vejo se vale a pena para a minha marca. Costumo recusar quando não tenho identificação nenhuma. Mas quando assumo o relacionamento, aí é dedicação total”, afirma.
Richard tem uma relação próxima com seu público, que ele identifica como pessoas adultas, que trabalham, têm renda e por isso conseguem pagar por conteúdos que gostam. “Tenho viewer coroa. Minha geração está envelhecendo jogando, sabe o que é um Atari, Master System. E a galera mais velha entende que o que eu faço é um trabalho, que se não gerar receita não poderei mais fazer.”
Até por isso, segundo ele, seus fãs entendem a importância do patrocínio para o seu conteúdo. “O público mais maduro não se importa quando a marca entra, uma marca que se corresponda com o que eu faço. E eles abraçam junto 100%.”