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Priscila Freitas, da Nestlé: relação afetiva com marcas inspira processos de inovação

Imagem: Divulgação

Com marcas tradicionais que estão presentes há mais de cem anos nas casas brasileiras, a Nestlé trabalha o valor afetivo como inspiração para inovar, diz Priscila Freitas, head de inovação da Nestlé Brasil. “Quando a gente fala de alimentação, a própria memória e o próprio afeto acabam criando novas oportunidades de consumo. Porque a culinária e o alimento como um todo são um ato cultural. E o nosso olhar como companhia é o de estar atento a essas emoções e conexões para trazer o consumidor para dentro dessa construção.”

De acordo com a executiva, essa relação próxima com o consumidor alimenta o conhecimento da companhia sobre novos hábitos e desejos que influenciam não apenas novos desenhos de produtos, como transformações de processos em toda a cadeia de produção e a relação com a sociedade.

A forma como a marca ocupa esse espaço emocional é, em si mesma, uma inspiração para a inovação. Quando a gente pensa, por exemplo, num produto como Ninho, nos diferentes momentos do hábito alimentar, os insights nos ajudam a olhar quais novos comportamentos surgem a partir da conexão com o produto e a usar de insumo para melhoria do próprio portfólio.”

Um caso recente, em que se mapeou novos usos da aveia, ilustra bem essa ideia. “A gente começou a perceber um potencial de desenvolver um paladar salgado, vendo que as pessoas estavam fazendo novos hábitos culinários e experimentando com ingredientes. Então, a partir da tradição da aveia conectada a novos hábitos, a Nestlé desenvolveu a ‘Aveia corte rústico’, que pode ser usada em risotos e preparação de diferentes pratos.”

Para captar essas mudanças de comportamento, a Nestlé tem uma série de iniciativas que permitem essa escuta, segundo Priscila. “Tanto o meu time de inovação, quanto os times de pesquisa e a nossa plataforma Receitas Nestlé trazem bastante informação sobre o que as pessoas estão querendo. No caso do meu time em específico, que fica na área de transformação de negócio, a gente também pensa em que serviços, que universo expandido, de que maneira podemos fazer chegar mais facilmente ao consumidor final aquilo que ele deseja.”

De acordo com Priscila, a inovação funciona como uma ferramenta de alavancagem da companhia, a partir de um pensamento de cadeia integrada. “Para nós, a inovação começa lá no relacionamento com o produtor no campo, com uma série de compromissos em ESG que busca avançar práticas de agricultura regenerativa nas cadeias de leite, cacau, café. E também olhamos para produção e distribuição. Isso tanto na minha área com inovação aberta, como também com o CIT (Centro de Inovação Tecnológica), olhando para fábricas conectadas e indústria 4.0.”

Por estar relacionado diretamente com inovação aberta, o time de Priscila funciona também como radar e incentivo dentro do ecossistema de startups, centros de pesquisas e parceiros. A partir do “Panela Nestlé”, iniciativa que conecta a companhia com as novas soluções que florescem no mercado, seu time traciona projetos pilotos que fazem sentido para alavancar o negócio da companhia. “Nossa atuação melhora o ecossistema com uma relação de valor que gera negócios sustentáveis.” O Panela Nestlé, segundo ela, já estudou quase 1.000 startups, se conectou com cerca de 500 empresas nascentes e 30 já passaram por projetos pilotos.

O lançamento de planos de assinatura de máquinas da marca Nescafé Dolce Gusto NEO partiu desse olhar. O serviço foi resultado de um trabalho conjunto com a allu, startup de locação por assinatura de eletrônicos, e do Panela Nestlé. Por meio do aluguel das máquinas, o novo modelo de negócio incentiva a economia circular, unindo inovação a práticas ESG. “O que a inovação pode fazer a partir de hábitos que estão mudando? Com a economia compartilhada, as pessoas estão mais aderentes ao uso por assinatura. Então, por que não aplicar esse insight em experimentação prática? Conseguimos a partir desse caso olhar para a categoria de café de forma ampliada.”

É por isso também que, para a Nestlé, faz tanto sentido investir em eventos que fomentam a inovação, como o HackTown, entre outros que estão na agenda do ecossistema ao longo do ano. “A gente participa com dois olhares: para levar o que a Nestlé tem pensado na interlocução com outras vozes, e criar espaço de troca autêntica. Quando fazemos isso é para contribuir e escutar o ecossistema, mergulhar nas tendências. E isso tem impacto na nossa cultura de inovação.”

* O UOL Para Marcas foi a Santa Rita do Sapucaí (MG) para cobrir o HackTown a convite da Nestlé.


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