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Léo Xavier, da Môre: se consumidor percebe uso de IA, marca está fazendo errado

Imagem: Divulgação

As inteligências artificiais generativas têm produzido um forte impacto no segmento de UX design, especialmente nos processos de estruturação de estratégias digitais mais velozes, aprofundadas e assertivas, segundo Léo Xavier, sócio fundador da Môre, consultoria de design e estratégia digital. Mas, em termos de UX, essa mágica só acontece se ela for imperceptível ao consumidor.

Se o consumidor percebe, a marca está usando a IA errado. Porque a beleza e a mágica da tecnologia estão em quando ela é invisível para o cliente. O cliente no e-commerce não sabe se as vendas estão com uma super performance por causa da ferramenta X ou da plataforma Y. Ele quer ter uma experiência rápida, inteligente, fluida, que no final do dia entregue para ele o que ele quer”, afirma.

Segundo Léo, o que o consumidor busca é uma entrega boa de um produto ou serviço de qualidade. “Quando o cliente passa a ter mais facilmente, a partir da seleção de um destino de viagem, por exemplo, um roteiro muito assertivo, numa entrega quase mágica e automática para uma cidade que ele selecionou, ele não percebe que tem uma IA por trás. Se perceber, é estranho. O encantamento na ponta se dá pelo valor que a marca entrega ao cliente. Quanto mais invisível for a IA generativa, mais certo a gente tá fazendo, porque o valor percebido é o da entrega e do emprego da tecnologia e não da tecnologia em si.”

Quando, por exemplo, o uso de uma IA é percebida, pode inclusive haver rejeição. “Porque a IA não é perfeita. É um modelo probabilístico poderoso e potente, mas que não sabe o que está criando, ainda não é autoconsciente”, diz o CEO. Daí a importância cada vez maior de um olhar humano qualificado no desenho das estratégias, capaz de aparar essas arestas.

Nos bastidores do UX design para marcas, o que as IAs generativas proporcionam é um ganho em produtividade. “O que a gente tem conseguido fazer com os nossos clientes, de maneira sistematizada, é garantir que a partir do uso estruturado das IAs generativas seja possível entregar mais com o mesmo time. Para isso, o que a gente tem feito é mudar a lógica de recrutamento de pessoas. Temos dado mais valor às soft skills e estamos dobrando a aposta nisso.”

Segundo ele, a estratégia da Môre para uma entrega mais produtiva em UX design com IAs tem mais a ver com quem está por trás da estratégia do que com a tecnologia usada. “A nossa abordagem é como adotar as IAs generativas para transformar o negócio. No fim das contas é mais como transformo as nossas pessoas. E a gente vai em três camadas de amplificação: velocidade, profundidade e assertividade. Pensando no que minhas pessoas podem fazer de maneira mais acelerada, aprofundada e assertiva com as IAs.”

E é nesse sentido que Léo visualiza as próximas tendências de mercado. “Acredito que a gente vai conseguir perceber a partir de 2025 uma migração de carreira de profissionais de áreas adjacentes, por exemplo, antropólogos, jornalistas, psicólogos, pessoas que entendem de comportamento humano, para trabalhar com IAs generativas. Vai ser mais fácil um baita antropólogo começar a entregar estudos muito profundos de forma rápida sobre comportamento de cliente, do que um técnico.”

Outro movimento que ele visualiza é uma revalorização das “inteligências naturais”. “Porque quando todo mundo vira prompeteiro e qualquer prompeteiro faz qualquer coisa, algo vai dar muito errado. É como se a gente transferisse para a máquina um tanto das nossas capacidades e habilidades.”

Além disso, é esperada articulação conjunta do mercado. “Ainda não é uma realidade o uso de IA generativa em UX no Brasil de maneira estruturada. Então acredito que cada vez mais a gente vai ter os usos estruturados, o que vai esbarrar num grande acordo entre estúdios de designers, clientes e vários entes da cadeia criativa. Essa é uma grande tendência, ou necessidade.”


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