A revolução digital tem exigido das agências de publicidade e das áreas de marketing das empresas um esforço de transformação de seus negócios, produtos e campanhas. E isso se reflete diretamente no perfil dos profissionais desejados pelo mercado. Cada vez mais o universo de business intelligence, análise de dados e automação de compra de mídia se insere no dia a dia de quem trabalha ao lado das marcas. Mas qual precisa ser a cara desse profissional?
Rita Pellegrino, diretora de recursos humanos da Totvs, que trabalha recrutando pessoas na ponta dessa revolução, oferece uma luz ao mercado publicitário: os talentos mais preparados para o momento são curiosos. Eles têm um perfil menos focado em colecionar diplomas e mais apto a desenvolver habilidades práticas de forma autônoma. Ela disse o que considera essencial nos profissionais que lidam com tecnologia — seja direta ou indiretamente — durante a webinar “Talentos Digitais: Por que todo profissional precisa se capacitar na área de tecnologia?”, promovida pela Udacity Brasil.
“As competências comportamentais que se espera é de uma pessoa que busque sempre a inovação, seja curiosa, inquieta e principalmente não tenha medo de errar. Porque a inovação só acontece quando se erra. E o erro faz parte da inovação e da criação”, disse a executiva sobre os perfis que busca para a Totvs. Mas isso vale tanto para os talentos que hoje se destacam nas empresas de soluções tecnológicas, como para os que aplicam essas tecnologias em outras áreas, como o marketing.
Macrotendências da tecnologia
É importante que a curiosidade do profissional capte as principais macrotendências que devem guiar as inovações tecnológicas daqui para frente. Segundo Rita, alguns dos grandes direcionadores são tecnologia da informação (TI), blockchain (protocolo de segurança), realidade virtual aumentada, fog computing (computação em névoa) e inteligência artificial. De alguma forma, seja nas campanhas ou na concepção dos produtos, essas tecnologias estarão presentes hoje ou no futuro, na rotina dos profissionais de marketing.
“Com a evolução da tecnologia, e com a evolução de comportamento das pessoas, novas necessidades vão surgindo. Então, os profissionais precisam estar atentos às tendências e às novas ferramentas que vão surgir para que estejam prontos como profissionais para atuar, quando o mercado de trabalho precisar”, afirma.
Mercado cobra que se acompanhe as mudanças
João Branco, presidente da ABA (Associação Brasileira dos Anunciantes) e diretor de marketing do McDonald’s, diz que o mercado publicitário, especialmente no nível de altos executivos, está sendo cobrado para que acompanhe essa revolução digital. “Ninguém imaginava cinco anos atrás que se teria o nível de acesso a informações que se tem hoje. Essa revolução digital foi além do que se conseguiria prever. Com isso, nosso mercado é muito questionado se está conseguindo acompanhar. É algo muito novo que está acontecendo.”
Todas essas mudanças na tecnologia que alteram a forma de alcançar o consumidor são profundas e vêm para ficar, segundo ele. “Claramente, nesse contexto, os profissionais de marketing e de comunicação começam a ter acesso a um conhecimento muito mais profundo das jornadas dos clientes e das novas ferramentas para entregar a mensagem certa, para a pessoa certa, na forma certa. Isso não só traz uma mudança na forma de falar com consumidores, mas até mesmo na forma de pensar”, afirma.
Recém-eleito para o biênio 2018-2020 como presidente da ABA, ele diz que uma das pautas prioritárias da gestão será apoiar profissionais para se atualizarem diante das novas necessidades digitais.