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Creator de favela: relação com marcas é principal meio de renda, mas falta valorização 

Imagem: Reprodução

Empresas e marcas estão olhando para os criadores de conteúdo que moram nas favelas, mas essa relação de trabalho ainda é precária, deixando um sentimento de baixa valorização. É o que mostra o estudo “Creators de Favela”, realizado pela YouPix em parceria com o Digital Favela e Data Favela.

Segundo a pesquisa, para 62% dos criadores de conteúdo em favelas entrevistados, as #publis e os trabalhos com marcas são hoje seus principais formatos de influência remunerada, seguidos de eventos (34%) e vendas de produtos e serviços (28%).

O estudo buscou fazer um raio-x desses influencers no Brasil, analisando territórios e vivências. Foram ouvidos 167 creators acima de 18 anos, com mais de 1.000 seguidores, por meio de entrevista online. A maioria dos influenciadores respondentes são negros (88%), mulheres (55%), e 3 em cada 10 declaram não ser heterossexuais.

Entre os entrevistados, 52% declaram que metade ou toda a sua renda é composta por meio da sua atuação na internet. Mas, para 3 em cada 10 entrevistados, essa influência não gera nenhum retorno financeiro.

Para a maioria, o sentimento é de desvalorização. Sete em cada 10 respondentes afirmam que o retorno financeiro em relação ao conteúdo produzido é muito ruim. E 8 em cada 10 já fecharam ou topariam fazer algum trabalho muito abaixo do valor pedido. Além disso, 9 em cada 10 já aceitaram ou aceitariam permuta.

“Prazos de pagamento que chegam a 90 dias úteis. Esses são prazos que não condizem com a vida do favelado. Ter fluxos de pagamentos mais ágeis seria essencial. Uso da tecnologia mais inclusiva. Como a maioria de nós não temos agência, acaba acumulando funções, então ter fluxos menos burocráticos nos ajuda a focar na produção de conteúdo”, afirma a influenciadora Pâmela Carvalho (@apamelacarvalho).

A maior fatia dos creators de favela que realizam trabalhos com marcas (39%) têm como principais parceiros empresas e empreendedores da comunidade. Isso mostra um senso importante de colaboração interna, de um empreendedorismo que se retroalimenta. Porém, isso mostra que poucas marcas de fora enxergam a potência dessa comunicação. Apenas 25% dos entrevistados têm parcerias com empresas de fora da comunidade; e 24% com agências de publicidade.

O levantamento revela que a necessidade de profissionalização é um dos gargalos para que esses influenciadores decolem. Entre os respondentes, 63% dizem não possuir nenhuma métrica ou formato para precificar seu trabalho. Além disso, 6 em cada 10 entrevistados realizaram ao menos um trabalho sem contrato no último ano.

Os creators de favela produzem conteúdos muito diversos, segundo o estudo. Moda, beleza e estilo (44%) é o principal nicho de atuação, seguido de arte cultura e música (39%), lifestyle e variedades (37%). Mas a favela rende perfis que falam de assuntos dos mais variados, de ciências e educação, até games, passando por finanças, humor e culinária.

A maioria (70%) começou a produzir conteúdo com o objetivo de inspirar e influenciar pessoas; eles também dizem que a produção foi motivada para poder manifestar sua opinião e se expressar (48%); divulgar seu trabalho, produto ou marca (47%); compartilhar sobre assunto que têm domínio (47%); e porque viram uma oportunidade para ganhar dinheiro (30%).


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