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ChatGPT alimenta ou mata a criatividade? Mercado tem visões diversas 

Imagem: Camden Hailey George/Unsplash

O debate sobre o ChatGPT deve se aprofundar durante o SXSW 2023 (South By Southwest), principal festival de inovação e criatividade, que terá início no próximo dia 10 de março. Greg Brockman, co-fundador da OpenAI, empresa que desenvolveu a ferramenta, é uma das atrações do evento. E uma série de painéis preveem discutir as implicações da tecnologia sob diversos prismas.

Na largada de 2023, o tema ChatGPT ganhou os noticiários e dominou as pautas de discussão em fóruns profissionais dos mais variados ramos por semanas. A inteligência artificial desenvolvida pela empresa OpenAI gerou, ao mesmo tempo, admiração e temor. Especialmente por sua capacidade de produzir respostas bem escritas – porém, não necessariamente precisas – para qualquer pergunta.

No setor de comunicação e marketing, a inventividade do ChatGPT e a correção linguística na produção de textos levou as discussões para campos opostos. Enquanto entusiastas vislumbram as inúmeras possibilidades criativas que a ferramenta pode trazer, críticos levantam questões sobre o risco de a inteligência artificial empobrecer a criação, ao substituir processos humanos na geração de conteúdo.

Para tratar a questão, o UOL Para Marcas foi perguntar a profissionais do mercado – que trabalham com criação e geração de conteúdo em campos diferentes – sobre suas visões. Afinal: o ChatGPT alimenta ou mata a criatividade?

Alessandro Bernardo, diretor executivo de criação da Artplan, decidiu fazer a pergunta para o próprio ChatGPT, que respondeu a ele: “Ele não mata a criatividade, mas também não alimenta. O ChatGPT é uma ferramenta projetada para responder perguntas e fornecer informações. Mas a criatividade vem da capacidade humana de imaginar e criar algo novo.”


Para o diretor de criação da Artplan, essa é uma discussão antiga, que o setor se faz a cada inovação. “Em publicidade a gente já ouviu muito a pergunta se uma mídia mata a outra. E o tempo vem mostrando que na verdade não. Tem espaço para tudo. E elas podem ser complementares. O grande desafio que eu vejo é sobre ética, sobre a privacidade – que é muito importante nessa história – e a segurança dos dados. Então as responsabilidades são imensas se o uso não for adequado.”

Helton Simões, editor de Tilt, vertical de tecnologia do UOL, explica que o ChatGPT é uma máquina que “deglutiu e compreendeu” uma grande massa de dados disponíveis na internet, num lapso de tempo até 2021. “O ChatGPT nada mais é do que uma máquina. Ela entende de dados. E consegue fazer com assustadora rapidez associações que a gente demoraria algum tempo para fazer.”


Mas, segundo ele, isso não quer dizer que a inteligência artificial seja criativa ou tenha um grande potencial criativo. “O que ela tem feito é mostrar que cada vez mais estamos fazendo coisas automatizadas e chamando isso de processo criativo.” E traz a questão: “Por que ainda executamos tantas tarefas automatizadas? Acho que esse é o futuro e espero que a partir daí sobre mais tempo para a gente ser mais criativo.”

O jornalista Rodrigo Martins, head de growth na startup Quiq, diz que tudo depende da forma como o ChatGPT é usado, e também do volume de informações que o usuário oferece à inteligência artificial para que ela trabalhe melhor. “Se você tem muitos dados, conhece o público e pesquisa muito. A inteligência artificial é muito produtiva”, diz.

Isso porque faz total diferença na resposta quando o usuário insere seus próprios inputs na ferramenta. “Porque se o ChatGPT só varre o que existe na internet para dar a resposta, ele não vai trazer nada de novo ou de surpreendente para o seu público. E o novo é o que causa mais repercussão. Se você usar de forma automática vai ter um conteúdo muito pasteurizado e raso.”

Para ele, o ChatGPT é importante para ampliar repertório. “Nas mãos de um redator, ele é uma ferramenta rica para quando se quer ter ideias e entender contextos, mas não pode ser a única.”


Quem faz os conteúdos UOL para Marcas:

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