Uma notícia citada por um deputado no Congresso, uma reportagem que desperta um interesse acadêmico, matérias que mobilizam grupos a cobrar ações de autoridades. A força do jornalismo vai além do alcance da audiência. E o projeto Impacto.jor se propõe a mapear e a comprovar sua influência. A iniciativa idealizada pelo jornalista Pedro Burgos, ICFJ Knight Fellow, e financiada pelo Google News Lab no Brasil, com apoio do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), teve início em 2017 de forma experimental com cinco veículos. Desde abril deste ano, o UOL passou a integrar o grupo de parceiros.
Ao lado de Folha de S. Paulo, Gazeta do Povo, Nexo, Nova Escola e Veja, o UOL passa a ter acesso ao algoritmo do projeto e à sua metodologia, que oferecem métricas variadas e estudos qualitativos para avaliar o desempenho das notícias do ponto de vista do impacto na vida das pessoas. Com essas informações, o UOL poderá acompanhar o efeito do seu conteúdo, e mostrar ao seu público e aos anunciantes, de forma embasada em números e análises, a importância que investir no jornalismo tem para a sociedade.
Em contrapartida, o UOL, como uma das principais empresas de produção de conteúdo na internet do país — são 250 jornalistas que produzem mais de 1.000 conteúdos por dia (entre notícias, vídeos e posts de blogs) que alcançam 95 milhões de pessoas por mês (ComScore) — passa a abastecer o banco de dados do projeto Impacto.jor, com os números colhidos sobre suas notícias. É uma contribuição importante para o projeto, já que, quanto maior a abrangência do publisher, mais dados, e mais precisas são as análises.
“São muitos benefícios com essa parceria. O primeiro deles — e o mais visível — é o de colocar ciência na nossa posição de que o jornalismo impacta a sociedade brasileira de muitas formas. Nós já temos essa noção. O que vamos ter agora é a métrica disso. Vamos saber cientificamente como o nosso conteúdo jornalístico impacta a sociedade. Essa objetividade vai deixar essa realidade muito visível interna e externamente”, afirma Ricardo Fotios, gerente-geral de conteúdo UOL.
Segundo o executivo, os dados do projeto chegam para somar. “Essa métrica não se sobrepõe nem substitui às de audiência tradicionais. Ela acrescenta um importante conhecimento que antes só tínhamos por suposição.” A expectativa é que, ao oferecer essa visão do impacto do conteúdo, a ferramenta também ajude a aprimorar processos jornalísticos. Com esses novos dados, os editores e produtores de conteúdo poderão adequar suas pautas, ou mesmo encontrar novas abordagens relevantes, tendo em vista o efeito que produzem.
A plataforma do Impacto.jor não é de acesso público. O abastecimento dos dados e a sua análise são de uso e conhecimento exclusivo dos publishers parceiros. Mas tanto o UOL como os demais poderão divulgar essas informações quando encontrarem resultados de interesse público.
Como a ferramenta funciona
Por meio de robôs, são rastreadas redes sociais, sites governamentais e outros ambientes da internet que fazem menções aos veículos parceiros. Os editores têm acesso a um painel que mostra essas citações e aponta “impactos em potencial”. Eles podem selecionar aquelas que representem alguma mudança de política pública, amplificação de uma investigação, repercussão entre influenciadores, políticos ou outros veículos de mídia, para analisar de forma qualitativa as implicações da notícia. Os jornalistas também podem reportar outros impactos, anexando links ou arquivos para comprová-los. Com isso, a equipe do Impacto.jor tem material para organizar e categorizar essas informações, criando bancos de dados e dossiês para as reportagens.