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Percepção de igualdade de gênero recua. Estudo da Dentsu aponta papel da mídia

Imagem: Ashkan Forouzani/Unsplash

Houve um recuo na percepção global de igualdade de gênero, com mulheres sendo mais impactadas economicamente pela pandemia. E, nesse contexto, o retrocesso na representação feminina foi acompanhado pela mídia, aponta o levantamento “Global Perceptions of Progress on Gender Equality”, da Dentsu, realizado em 2023 e divulgado em março deste ano.

Segundo o levantamento, no início da pandemia, 69% dos consumidores globais estavam otimistas em relação à equidade de gênero. O índice chegou a subir para 75% em 2021, mas iniciou uma trajetória de queda no ano seguinte, para 59%, com o impacto desproporcional na recuperação econômica das mulheres, unido a conflitos globais e regressão de direitos das mulheres em alguns países. Atualmente, 46% enxergam o cenário atual mais adverso e o otimismo caiu para 54%.

A fragilidade da igualdade de gênero fica claramente evidente durante convulsões sociais, quando o estatuto social das mulheres se torna mais suscetível de retroceder. O sentimento dos consumidores sobre a equidade entre homens e mulheres encontra-se no nível mais baixo medido até agora”, diz o estudo realizado numa parceria entre a SeeHer e a Dentsu, que analisou dados de cinco mercados: Índia, Reino Unido, México, Estados Unidos, Japão.

De acordo com o levantamento, duas barreiras à equidade seguem intactas: a “falta de vontade de apoiar ou promover as mulheres” e os “estereótipos persistentes sobre os papéis das mulheres”. “Embora possamos sentir que superamos os estereótipos de gênero, vemos uma acentuação das mulheres sendo retratadas em papéis mais tradicionais nos últimos dois anos”, diz o diagnóstico.

Nesse sentido, há uma crescente falta de confiança nos meios de comunicação e no marketing em relação à forma como representam as figuras femininas. Quando questionados se acham que “a mídia geralmente retrata as mulheres de forma precisa”, apenas 24% dos respondentes concordam. Em 2021, eram 32%.

Em relação aos estereótipos, para apenas 30% dos entrevistados, é mais provável que mulheres sejam retratadas como líderes nas mídias – uma queda de 18 pontos percentuais em relação a 2021, quando esse número chegou a 48%. E as chances de serem representadas como cuidadoras aumentou para 70%, uma alta também 18 pontos, em relação aos 52% em 2021.

São dados que levantam questões sobre o papel dos meios de comunicação e da publicidade nas transformações sociais. “Em todos os países, existe um reconhecimento do papel substancial desempenhado pelos meios de comunicação e pela publicidade na formação de percepções sobre a igualdade de gênero. Os consumidores reconhecem a influência de longo alcance da forma como as mulheres e as meninas são representadas”, diz o estudo.

Em nível mundial, 89% dos entrevistados afirmam que os meios de comunicação têm a capacidade de ensinar às garotas que podem fazer tudo que garotos fazem, e vice-versa. A mesma fatia acredita que a mídia desempenha um papel crucial na definição dos papéis e normas de gênero.


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