Se, numa ponta, as grandes novidades e tendências para 2025 circulam em torno das inovações em inteligência artificial generativa e da briga entre ChatGPT-4 e DeepSeek. Em outra ponta, o comportamento das pessoas também produz resistências à tecnologia e um desejo de reconexão humana e reinvenção. No “Little Book of Trends – 2025 Edition”, da agência Momentum Worldwide, alguns dos principais movimentos mapeados para o ano vão no sentido dessa contra-tendência.
“Começamos a notar algo muito especial emergindo – um foco na reinvenção, conexão e revitalização. Em 2025, os consumidores estão buscando comunidades e conexão para ajudá-los a seguir em frente positivamente e as marcas estão buscando fazer o mesmo. Elas estão reinventando seus eventos, mensagens e experiências para construir conexões mais profundas com seus públicos e promover um senso de comunidade.”
Veja três contra-tendências mapeadas pela Momentum Worldwide, entre os 10 principais movimentos identificados para o ano:
Conexão com curadoria
Segundo o relatório, os consumidores estão definindo limites para experiências digitais e para viver as presenciais. Isso parte de um sentimento de amor e ódio em relação às mídias sociais. “Essas ferramentas conseguiram se tornar uma necessidade para muitos fazerem conexões e permanecerem conectados. Ao mesmo tempo, os usuários estão ficando cansados de rolar seus feeds.” Em pesquisa global da Momentum, 66% dos entrevistados afirmam que estão postando e comentando menos nas redes, por causa da alta quantidade de spam, postagens recicladas e conteúdos criados por IA que tornam as interações vazias.
Essa frustração leva os usuários a buscarem maneiras mais autênticas de se conectar, buscando plataformas de nicho para promover conexões reais. “Aplicativos como Timeleft, que combina pessoas com interesses semelhantes, e Tribally, uma plataforma focada em jogadores, estão tendo um crescimento notável.” Segundo o relatório, em 2025, os consumidores estão definindo expectativas e demandas mais significativas sobre suas interações digitais.
Prazeres táteis e simbólicos
Em resposta ao excesso de tela na vida das pessoas e dos bens materiais cada vez mais pulverizados na nuvem, o prazer sensorial do tato e o impacto de possuir objetos simbólicos voltam a ser valorizados. Marcas de luxo captam o movimento e buscam aprimorar e personalizar acessórios cotidianos. “O ressurgimento de mini berloques, patches e bugigangas reacendeu essa tendência, especialmente entre os jovens que anseiam por autoexpressão e são atraídos por toques pessoais únicos.”
De acordo com a Momentum, essa contra-tendência parte da ideia de que pequenos itens colecionáveis pareçam experiências tangíveis, alimentados pela nostalgia e pelo prazer tátil de possuir algo que pode ser tocado, segurado e exibido. “As marcas estão oferecendo maneiras acessíveis de aprimorar itens pessoais sem o investimento de bens maiores. O berloque de bolsa de cavalo da Hermès, por exemplo, reflete a elegância da Hermès por uma fração do custo de uma de suas bolsas. Oferecer peças que cabem no bolso cria espaço para a individualidade abre um novo nível de exclusividade.”
Inclusão neurodivergente
Se, por um lado, a tecnologia avança, por outro, as questões humanas relacionadas à saúde mental estão vencendo tabus e entrando no debate, produzindo movimentos de marcas. “À medida que as pessoas se sentem fortalecidas para defender a si mesmas, elas pressionam as marcas a acompanhar. Estamos vendo uma mudança na conscientização, aceitação e acolhimento da neurodivergência. Mais pessoas estão descobrindo diagnósticos de TDAH, autismo ou outras diferenças neurológicas.”
Isso tende a produzir o planejamento de locais e experiências mais inclusivos, segundo o relatório. “Esperamos ver salas sensoriais e de resfriamento se tornarem mais comuns em lojas, experiências, estádios e arenas. Há uma necessidade de que aqueles que vivenciam o mundo de forma diferente sejam totalmente vistos e apoiados. À medida que esse entendimento cresce, estamos aprendendo a criar espaços e sistemas que funcionam para diferentes tipos de mentes.”