Os brasileiros esperam que a pandemia de covid-19 vá se agravar nos próximos dias, mas o efeito dessa expectativa não se traduz em corridas aos mercados para estocar produtos. Este é um dos insights que podem ser observados no report “Monitoramento COVID-19”, realizado pela MindMiners, que chega à sua décima onda.
A onda mais recente do levantamento foi realizada entre os dias 27 e 29 de abril de 2020, e vem monitorando os hábitos do brasileiro após a chegada da pandemia de coronavírus no país. A primeira ocorreu de 13 a 16 de março de 2020. A cada rodada, o estudo conta com uma amostra de 500 respondentes nas cinco regiões, com maior participação do Sudeste (51% na décima onda) e foco nas classes B (40%) e C (43%).
Veja cinco insights percebidos entre as ondas da pesquisa:
1. Pessimismo segue alto, mas com consumo consciente
Segundo a pesquisa, 66% dos respondentes acreditam que a contaminação seguirá aumentando na próxima semana. Embora o pessimismo ainda seja alto, é possível notar queda em relação ao momento em que a pandemia chegou ao país, registrado na primeira onda do levantamento. Foi quando 77% declararam esperar piora.
No contexto atual, o consumo de alimentos também tende a ser mais consciente. Seja porque os supermercados continuam funcionando normalmente, ou porque os estoques em casa já estão abastecidos, apenas 36% disseram que pretendem comprar mais alimentos e bebidas se a situação se prolongar. Na primeira onda, eram 41%.
2. Estamos entendendo o isolamento e aderindo
As restrições ao funcionamento de comércio e serviços são grandes motores para as mudanças de hábito recente. Segundo a pesquisa, 77% disseram ter deixado de ir a bares e restaurantes, mais do que o dobro do registrado na primeira onda (35%). O número de pessoas que trabalham em casa também aumentou de 10% para 28%.
Com isso, a adesão às medidas de isolamento social está aumentando. Na última onda, 81% responderam que estão em quarentena, contra 77% dos entrevistados há mais de um mês. E isso não é feito a contragosto: 82% disseram concordar com as medidas de distanciamento para enfrentar a pandemia.
3. Delivery é sinônimo de proteção
Todas essas viradas impactam diretamente nas compras. Entre os novos hábitos estão o uso de máscara, para 69% dos respondentes. Mas esta medida de proteção não vem sozinha. O consumo maior de conteúdo online (54%), em substituição aos eventos presenciais, também é observado. E o serviço de delivery merece destaque: 34% disseram que intensificaram o uso de serviço delivery e outros 20% são novos consumidores.
4. Limpeza, limpeza, limpeza
Numa pandemia, em que a prevenção depende de reforço de hábitos de higiene, produtos de limpeza pessoal e de casa são os campeões no ranking de alta de consumo. Os entrevistados disseram que aumentaram o consumo de álcool em gel (84%), sabonetes (51%), desinfetantes (56%) e papel higiênico (41%).
Mas não ficam muito atrás as categorias de alimentos não perecíveis (43%) e alimentos pré-prontos/congelados (30%), que também cresceram significativamente na cesta de compras. Por sua vez, outros produtos caíram na prioridade dos consumidores. Os entrevistados disseram que reduziram o consumo de bebidas alcoólicas (-41%), bebidas importadas (-55%) e alimentos importados (-49%).
5. Menos mercadão, força ao mercadinho
O local de compra também está mudando. Houve queda sensível na frequência dos mercados atacadistas (de 51% para 28%) e dos supermercados e hipermercados (de 87% para 73%). Sofrem menos os mercados de bairro (queda de 54% para 47%). Já o delivery cresce como opção, de 16% para 23%.
As pessoas também estão indo às compras mais cedo. Antes da pandemia, o horário preferido para compras era entre 16h e 21h, para 63%. Após a pandemia, o horário passou a ser entre 9h e 15h, para 59% dos respondentes.