A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul produziu uma forte comoção nas pessoas em todo o país, afetando as expectativas sobre o futuro. Foi o que constatou a sondagem “Impactos da Catástrofe no Rio Grande do Sul”, conduzida pela consultoria MOB INC. O objetivo foi compreender os sentimentos que atravessaram os brasileiros, ante as notícias e cenas sobre o desastre climático que assolou a região.
De acordo com a consulta, 79,7% das pessoas entrevistadas se declararam muito impactadas emocionalmente pelas notícias. E 17,3% se disseram moderadamente impactadas. Apenas 3% se sentiram pouco ou nada impactados.
Em resposta aberta, o levantamento pediu aos entrevistados que definissem em uma palavra a emoção que a tragédia produziu em relação ao que sente sobre o futuro. “Preocupação”, “esperança”, “medo, “tristeza” e “insegurança” foram as cinco palavras mais citadas.
“O destaque pelas menções à esperança e à preocupação em nossas entrevistas reflete a ambiguidade emocional com que os brasileiros encaram o futuro diante dos fatos apresentados por essa catástrofe”, afirma Thiago Felinto, CEO da consultoria MOB INC.
Essa comoção se traduziu em solidariedade. Entre os respondentes, 63,9% afirmaram ter feito alguma doação em favor das vítimas no Rio Grande do Sul ou participado de alguma mobilização. A pesquisa ouviu, por meio de questionário online, 700 participantes de todas as regiões do Brasil acima de 18 anos.
Entre os que responderam não ter ajudado, para 41,6%, os fatores que mais influenciaram foram a limitação de dinheiro ou a falta de recursos disponíveis. Outros 15,7% alegaram não conhecer instituições confiáveis para doar e 5,6% disseram não ter conhecimento de como fazer.
As enchentes no RS também despertaram o receio de que a tragédia climática se manifeste em outras regiões do país e do mundo. Para 66,8%, definitivamente, a tragédia mostra que desastres climáticos semelhantes podem acontecer em outras localidades. E 48,9% acreditam que catástrofes podem ocorrer em suas próprias cidades.
“A cobertura da imprensa e as imagens e vídeos nas redes sociais trouxeram o brasileiro para mais perto da situação, evidenciando um medo concreto sobre a possibilidade de que algo similar também possa ocorrer em suas próprias cidades e estados”, afirma o executivo.
Entre as razões para esse temor, a maioria dos entrevistados aponta mudanças climáticas e aquecimento global (55%). Em seguida, aparecem falta de planejamento urbano (28,1%) e infraestrutura precária (6,5%), mostrando um nível de consciência majoritário sobre a vulnerabilidade ambiental.
“A análise dos dados nos oferece caminhos para entender os diversos fatores que justificam a mobilização nacional para auxiliar, doar e propagar informações. Contudo, ela também revelou um cenário de medo e reflexão. Para muitos, esta foi uma das mais intensas materializações da necessidade de atenção à pauta ambiental. Embora outras catástrofes já tenham ocorrido no Brasil, esta apresentou dimensões antes não imaginadas.”