Ao longo dos anos, o Prêmio Caboré, considerado o Oscar brasileiro da indústria da comunicação, busca se renovar para não apenas refletir a evolução do mercado, como também apontar novos rumos. “O prêmio tem hora que puxa a indústria e tem hora que é um espelho”, afirma Marcelo Salles Gomes, presidente do Meio & Mensagem, veículo realizador da celebração que chega à sua 44ª edição em 2023.
Segundo ele, isso se traduz numa renovação constante de profissionais indicados, que estão cada vez mais diversos. Este ano, dos 42 indicados, 38 nunca venceram o prêmio e 29 concorrem pela primeira vez. Nas oito categorias voltadas a profissionais, dos 24 indicados, 23 nunca levaram a coruja para casa e 19 receberam uma indicação inédita. As mulheres são maioria, sendo uma trans negra (Raquel Virgínia, indicada como Profissional de Atendimento e Negócios), totalizando 13 menções.
“O Caboré tenta entender o momento do mercado. E o M&M contribui muito com isso, porque tem toda uma leitura do que tem sido pauta na indústria. Temos essa missão de colaborar no crescimento do mercado. Temos independência, mas temos opinião, visões editoriais, quando achamos que o caminho tem de ser pra cá ou para lá. E a pauta da diversidade tem sido cada vez mais frequente nos editoriais do M&M, porque a gente entende que qualquer indústria tem de fazer isso, mas especialmente a criativa. Esse mix é o que vai torná-la ainda mais poderosa”, diz.
Para chegar a uma diversificação de nomes que estão fazendo diferença na comunicação, Marcelo diz que o M&M faz uma dupla triagem. “O processo começa em dois caminhos em paralelo. Um, com o time editorial, que está em contato com os profissionais no dia a dia, fazendo as matérias, tentando identificar os destaques do momento. E também recebemos indicações de um círculo de lideranças, no qual as empresas fazem suas indicações em nosso sistema, porque a gente entende que quem está numa posição de liderança tem uma visão mais ampla da indústria.”
Os nomes são ranqueados, é feita uma parametrização, e começa um novo trabalho com o time editorial para comparar as duas listas. “Vamos investigar. Eventualmente pedimos uma pauta, uma entrevista, tentando investigar e avaliar, para entender na hora de espremer se tem suco ou só espuma. Buscamos olhar pela jornada reconhecendo que nem todo mundo largou da mesma posição”, afirma.
E para garantir que grupos minorizados cheguem ao Caboré, Marcelo diz que há uma intencionalidade. No ano passado, três profissionais negros saíram vencedores. “Com uma estatueta, um holofote e um microfone, a voz ganha outro volume. Isso é muito relevante e pode acelerar a indústria, colocar um motor. Ganhar o Caboré é um reconhecimento de que o mercado está encampando essa ideia. Temos a intencionalidade de buscar, arregaçar a manga, suar um pouco, fazer um esforço para renovar sempre e a indústria não ser uma panelinha.”
Quanto às das categorias que representam os ramos de atuação das empresas, a renovação também é um norte. Este ano, duas categorias tiveram nomes e abrangências atualizados: “Plataforma de Conteúdo”, na qual concorrem CazéTV, Podpah e Valor Econômico, substitui a antiga “Veículo de Comunicação — Produtor de Conteúdo”. Já a categoria “Plataforma de Comunicação” ocupa o lugar da então “Veículo de Comunicação — Plataforma de Mídia”, na qual concorrem Globoplay, JCDecaux e WhatsApp.
“As coisas ficaram mais fluidas. Todo mundo é um pouco de tudo. Muitas caixinhas deixaram de existir, o que dificulta o trabalho do Caboré na hora de categorizar. A mudança foi olhando plataformas que não são mais apenas de mídia, mas também para se comunicar com consumidores. E entendemos que, em vez de criar uma nova categoria, deveríamos atualizá-las”, diz o presidente do M&M. “Para o Caboré sobreviver por mais de 40 anos, a única forma é se mantendo atual e relevante.”