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João Caetano, da Grey: Projeto ‘Cria da Quebrada’ é fruto de provocação de cliente

Imagem: Divulgação

Há um mês, 19 estudantes negros conquistaram seus diplomas, na primeira turma do projeto Cria da Quebrada. A iniciativa, que visa capacitar publicitários pretos para ingressar no mercado, nasceu de um movimento da agência Grey Brasil, que mobilizou a Universidade Zumbi dos Palmares, P&G e Miami Ad School como parceiros.

“O Cria da Quebrada tem a intenção de ser uma ferramenta prática”, afirma João Caetano, executive creative director, da Grey Brasil, antecipando que o projeto terá continuidade. Segundo ele, esse trabalho faz parte de um redesenho na agência que vem sendo estruturado há pouco mais de dois anos, para tornar o time de criação mais inclusivo e diverso. E esse movimento trouxe players estratégicos.

Vimos a necessidade de tornar o time criativo mais inclusivo”, diz ele. “A criação, por uma série de questões, sempre foi uma área muito elitista, com pessoas muito iguais, principalmente depois do advento de escolas como a Miami ad School, de mais difícil acesso. E isso cria uma cadeia de indicações para o trabalho que gera um clubinho fechado. Então existe a necessidade de quebrar esse ciclo”

As ações da agência têm por base dois pilares: “O primeiro é que diversidade e inclusão é questão de cidadania. E o segundo pilar é que a diversidade é fundamental para os negócios.” Nesse movimento, segundo ele, metas de equidade de gênero e a inclusão de LGBTs na criação foram alcançadas. Faltava caminhar rumo à representatividade negra.

Segundo João, uma provocação de José Vicente, reitor da Zumbi dos Palmares, um dos clientes da agência, apontou o furo nesse redesenho da agência e deu o start às parcerias. “Ele me perguntou: ‘Por que você não tem mais profissionais negros?’.” Diante da resposta de que João não encontrava pessoas na quantidade e no perfil necessários, o reitor não se contentou e questionou novamente: “Por que então você não forma essas pessoas nos moldes da Miami Ad School?’”

Foi quando a agência iniciou um processo que mobilizou players, como a própria Zumbi dos Palmares e a Miami Ad School, além da P&G, para formatar o Cria da Quebrada. Mas, primeiro, o caminho foi tentar montar um curso interno, até que ficou claro que o projeto não andaria sozinho. “Simplesmente porque a gente não sabe fazer isso, a gente é uma agência. E se a ideia era fazer nos moldes da Miami Ad School, por que não chamar a própria?

O projeto saiu do papel quando se montou um plano de negócios junto com a Miami Ad School para ir em busca de patrocinadores. E assim a P&G embarcou na iniciativa. “Começamos a olhar primeiro para nossos clientes, marcamos com o time de compras da P&G e todos se encantaram.”

Alunos da primeira turma do projeto “Cria da Quebrada”

Uma das aulas inaugurais contou com o KondZilla e os módulos tiveram participação de profissionais de alto nível, segundo João. “Foi gratificante ver como alunos e alunas responderam ao trabalho, com bons portfólios. Trouxemos muitos depoimentos incríveis e transformadores”, diz o executivo.

Segundo João, por enquanto, apenas um desses alunos está em processo de contratação pela agência. Mas a ideia é que outros estudantes sejam absorvidos não apenas pela Grey como por outras agências do grupo WPP e também parceiras como AlmapBBDO, por meio de um banco de talentos. O Cria da Quebrada seguirá com o apoio da P&G. Para o executivo, o objetivo é que, ao se tornar perene, o projeto crie uma parceria contínua entre marcas e agências para o incentivo à diversidade no mercado.


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