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Antonio Jorge, do GM Rio: tecnologias mudam, mas mídia deve entender de gente

Imagem: Divulgação

Os meios de comunicação, formatos de mídia e pontos de contato com o público vêm se transformando de modo profundo e veloz nas últimas décadas. Mas se, com isso, o trabalho do profissional de mídia se tornou mais complexo, a natureza da função segue a mesma, segundo o publicitário Antônio Jorge Alaby Pinheiro. Ele é presidente do Grupo de Mídia Rio, que completa 50 anos, e sócio da Mídia 1, agência independente de mídia que faz 20 anos também em 2022.

A essência do que é mídia não mudou. O princípio básico é o mesmo: entender e gostar de gente. Quem trabalha com mídia tem que gostar de gente, de acompanhar o comportamento das pessoas, entender hábitos e meios, trabalhar com números, decifrar e tentar encontrar neles as pessoas.”

Ao longo da história do GM Rio – acompanhada por mais de 30 anos por Antônio Jorge, que já ocupou a presidência diversas vezes –, ele observa que as tecnologias, os jargões, as siglas publicitárias e as vidas das pessoas mudaram. “Muito mudou, a vida mudou. Era on e off, agora é tudo integrado, tem o BI (Business Intelligence), essa coisa das divisões e novas nomenclaturas. Mas com BI a gente desde sempre trabalhou, que é informação, pesquisa, que tem tudo a ver com mídia.”

Com a digitalização dos meios e o uso de dados, Antônio Jorge diz que a área de mídia vem se tornando cada vez mais estratégica. Mas nem sempre o mercado enxergou dessa forma. Ele se recorda de um dos momentos, segundo ele, mais críticos para o setor, quando uma crise levou dirigentes de agências a considerarem cancelar contratos com institutos de pesquisa. Na época, só havia veiculação de propaganda analógica e as pesquisas de mercado eram as principais ferramentas para conhecer o público.

“O Grupo de Mídia do Rio foi chamado para saber se as agências contariam com o nosso apoio. Não esperei nem os meus pares se pronunciarem e disse: ‘Acho melhor vocês continuarem investindo em dados e demitirem a gente, porque continuar mantendo a pesquisa viva é o que vai nos garantir. Sem dados, a gente não trabalha. Sem informação, a gente não trabalha’.”

De lá para cá, o profissional de mídia se valorizou. “O negócio das agências passa por um momento de transição. Mas, seja qual for o modelo, o profissional de mídia sempre vai ser necessário, por ser alguém que dedica parte do seu tempo a observar o consumo dos meios e entender a cabeça do consumidor. As rotinas são outras, o trabalho está mais complexo, há muitas possibilidades de se chegar ao interlocutor, mas não pode existir um plano de mídia errado. Se a gente está errando, a nossa marca também está.”

Nesta semana, o Mix de Mídia, evento organizado periodicamente pelo GM Rio discutiu o futuro do trabalho, com a participação da futurista Rosa Alegria. E o entendimento de Antônio Jorge é que a criação de novas mídias e plataformas podem exigir do profissional mais capacitação para compreendê-las e atuar com elas, mas as inovações essencialmente tocam sempre num mesmo ponto para os mídias.

“O desafio continua sendo sempre o mesmo. O nosso trabalho é entender não só o comportamento das pessoas, mas como se comportam diante de determinada situação ou input. As novas tecnologias reforçam isso, de que o mídia tem de estar antenado com tudo, mas vai continuar exercendo a base do trabalho, que é saber como lidar com isso para tornar relevante a comunicação.”


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