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Favela está em massa na internet, compra online e tem seus próprios influenciadores

Imagem: Alex Nemo Hanse/Unsplash

Nas 6 mil favelas espalhadas pelo Brasil, moram 13 milhões de consumidores que movimentam R$ 120 bilhões por ano, mostra o levantamento #OPoderDaFavela, encomendado pela plataforma Digital Favela — que conecta marcas a microinfluenciadores dessas comunidades. O projeto liderado pela Favela Holding e o Grupo Peppery, em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas) , busca, ainda, ampliar a representatividade da periferia na propaganda e gerar renda.

São pessoas que estão conectadas em massa pela internet. Segundo o mapeamento feito nas comunidades pelo Data Favela, braço de pesquisa do Instituto Locomotiva e parceiro da iniciativa, 91% dos entrevistados possuem smartphone e 77% usam internet todos os dias. No recorte por idade, 87% dos adultos respondentes declararam acessar a internet pelo menos uma vez por semana, e 97% dos jovens acessam regularmente.

É uma população que movimenta uma economia digital relevante. Parcelas representativas de moradores de favelas compram, vendem e trabalham conectados na internet. Entre os respondentes, 29% obtêm alguma renda graças a algum aplicativo. E 39% disseram já ter realizado compras online (29% com frequência, 10% às vezes).

Com o acesso à internet democratizado, os moradores das favelas estão mais exigentes na hora de comprar, dando mais valor à qualidade dos produtos e serviços, e analisando a relação custo-benefício. Segundo o report, 77% estão considerando mais a qualidade e 74% analisando melhor o preço do que há um ano.

Influenciadores da quebrada

A relação com as marcas também se intensificou: 51% declararam que dão mais importância à marca do que no ano anterior. É nessa relação, entre moradores de comunidades e marcas, que a plataforma Digital Favela encontra campo para atuar, estabelecendo diálogos mais autênticos, por meio dos mais de 5 mil influenciadores cadastrados.

“É incomparável a força de uma mãe de família postando para outras mães de família dentro de uma favela. Esse conteúdo tem autoridade, legitimidade e, claro, credibilidade”, diz Celso Athayde, fundador da CUFA, ONG que promove o empreendedorismo social nas comunidades.

Segundo a Digital Favela, que já realizou projetos para marcas como Claro, Ambev, Assaí e Santander, esses microinfluenciadores têm entre 2 mil e 100 mil seguidores. Eles geram engajamento alto, de forma orgânica, em suas comunidades, pois têm autoridade no que falam e conversam numa linguagem natural para seus seguidores.

Alguns ganham notoriedade dentro e fora das favelas, como o influencer Audino Vilão (Marcello Marques), do Jardim João 23, em São Paulo. Seus vídeos sobre filosofia com linguagem da quebrada viralizaram nas redes.

Ele e outros nomes estão na plataforma, como o Favelado Investidor (Jardim João 23, São Paulo), que fala sobre planejamento financeiro, Tiê Vasconcelos, do Complexo do Alemão, que fala de moda, estilo e decoração, e Michele, empreendedora do Butique de Kriola, loja de turbantes e afro-joias, da Zona Sul de São Paulo.


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