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SXSW 24: Qual o futuro do conteúdo com IAs? Amy Webb aponta tendências

Imagem: Reprodução

As IAs generativas estão alcançando status de commodity. Elas aparecem como tema onipresente nos movimentos de inovação para qualquer área daqui para frente, segundo o 17º relatório anual “2024 Tech Trends Report”, lançado pela futurista Amy Webb, fundadora do Future Today Institute (FTI), durante o SXSW 24 (South by Southwest). Nesse cenário, como fica o setor de produção de conteúdo? O documento dedica um capítulo para a área de notícias e informação, apontando oportunidades e desafios.

O ecossistema de notícias está num ponto de inflexão. A adoção de IA generativa nos meios de comunicação empresarial e de entretenimento está moldando ativamente as expectativas dos consumidores em relação às notícias”, diz o documento.

O mapeamento aponta alguns comportamentos, para além da evolução das IAs, que compõem esse contexto. Entre eles, os novos hábitos de consumo e pesquisa de conteúdo das gerações Z e Alpha, a fadiga do público por assinaturas e o acesso fragmentado à informação de qualidade, uma vez que os conteúdos pagos são restritos, criando distorções na confiança sobre os materiais noticiosos.

Este ano irá testar se as lideranças do setor irão aprender a buscar a disrupção ou se se acomodarão, segundo o prognóstico. “As barreiras à criação de conteúdo atrativo cairão. As premissas operacionais que permitem que editores digitais prosperem em termos de alcance irão desmoronar. Haverá uma corrida pelo valor do conteúdo”, prevê.

Veja tendências apontadas pelo “2024 Tech Trends Report” para a produção de conteúdo e seus desafios:

Valor do conteúdo em disputa

O cenário das IAs generativas apresenta dois imperativos aos veículos: extrair valor das ferramentas de produção de conteúdo por inteligência artificial treinadas em seus acervos próprios, e encontrar formas de permanecer competitivos num ecossistema de informação inundado por conteúdos gerados a baixo custo, que impactam seus negócios.

“No curto prazo, os editores precisam de disciplina para garantir que qualquer mudança para a IA esteja realmente alinhada com a sua marca e modelo de negócio. Isso significa questionar se as soluções de IA realmente atendem a uma necessidade real do consumidor. Significa também considerar o custo de oportunidade do lançamento de ferramentas de IA e perguntar se esse investimento poderia ser melhor direcionado para as operações principais. Mas também exige uma reflexão ampla sobre as perturbações na cadeia de valor dos meios de comunicação social.”

Assuntos pautados por IAs

As IAs entraram nas redações e os editores abraçaram a ferramenta. “Cada vez mais, organizações de notícias inovadoras estão usando algoritmos para identificar assuntos de interesse jornalístico e desenvolver projetos de conteúdo. A tendência poderia tornar os repórteres e editores mais eficientes, mas apenas se houver uma supervisão cuidadosa para evitar que o preconceito algorítmico se infiltre nas reportagens”, alerta o relatório.

O documento destaca experiências bem-sucedidas de veículos como Newsquest, Associated Press, que ofereceram mais eficiência, criatividade e agilidade à elaboração de notícias. Mas também aponta casos como o da CNET, que produziu 70 artigos por IAs sem revisão, e teve de reescrever mais da metade por erros e descobertas de plágio de fontes usadas para treinar seu modelo.

Mecanismos de busca por voz

O futuro da pesquisa não é apenas uma lista de links. As big techs estão desenvolvendo experiências de pesquisa generativas que retornam respostas para consultas feitas por fala, com os consumidores cada vez mais acostumados a pesquisar por assistentes de voz e wearables. “Para os produtores de conteúdo, essas mudanças exigem ações urgentes para se prepararem para uma mudança no direcionamento do tráfego de referência”, diz o relatório

“Os resultados baseados em chat e voz proporcionam uma experiência radicalmente diferente aos consumidores, porque fornecem um único resultado em vez de uma lista de links. Para as empresas de tecnologia, isso dá maior ênfase ao discernimento da intenção de pesquisa para fornecer a resposta ‘certa’. Para os editores, a questão principal é se a pesquisa continuará a ser um direcionador de tráfego se os usuários puderem satisfazer sua consulta sem sair do mecanismo de pesquisa.”

Fact-checking algorítmico

Pesquisadores e start-ups estão trabalhando com IAs para agilizar o processo de verificação de fatos. As abordagens variam desde ferramentas para de triagem de desinformação até a avaliação de declarações como verdadeiras ou falsas. O relatório cita o caso da Factchequeando, ferramenta criada colaborativamente por duas redações de verificação de fatos em língua espanhola nos EUA, e o trabalho de pesquisadores para identificar notícias falsas por meio de IA.

“A investigação acadêmica sobre a verificação de fatos baseada na IA acelerou durante a pandemia da COVID, em resposta à ampla preocupação sobre o impacto das notícias falsas na saúde pública global. A questão persistente é se esses modelos serão aplicáveis para situações futuras. As ferramentas generativas de IA estão diminuindo as barreiras à propagação de mentiras em grande escala. Isso torna cada vez mais urgente a procura de soluções escaláveis para combater a desinformação. Essa necessidade é aumentada pela tendência de a IA oferecer com frequência respostas erradas de modo convincente.”


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