A Internet móvel 5G deve se tornar mainstream este ano. A previsão é do Fjord Trends 2020, relatório anual de tendências da Accenture Interactive. O estudo ainda aponta que essa tecnologia deve gerar a maioria das receitas globais de mídia móvel até 2025. Mas seu impacto vai muito além da rapidez na conexão de dados. De acordo com o report, o 5G vai permitir modos infinitos de conectar coisas, pessoas, sensores, máquinas, criando uma verdadeira Internet dos Corpos.
Com o reconhecimento facial e da linguagem corporal se disseminando pelo mundo, as pessoas deixam rastros físicos de dados, à medida que circulam pelas cidades e realizam suas tarefas do dia a dia. E isso, ao mesmo tempo que fornece informações relevantes para que se criem soluções inteligentes para a vida cotidiana e melhores experiências de consumo, também esbarra em alguns desafios complexos, como a questão ética da privacidade de dados.
Veja 5 tendências identificadas pelo Fjord Trends 2020 sobre a tecnologia 5G:
1. O corpo como código de barras
Os corpos se tornarão códigos de barras ambulantes, prevê o Fjord Trends. “Nossos rostos já podem ser lidos como um código de barras”, diz o report. A tendência é que o reconhecimento facial e o mapeamento da linguagem corporal permitam cada vez mais interações perfeitas, como desbloqueio de coisas, curadoria personalizada de conteúdo e transações comerciais. Na China, a Alipay – o braço financeiro da gigante do comércio eletrônico Alibaba – desenvolveu o “Smile to Pay”. No setor de seguros, o FaceQuote de Zurique permite que as pessoas obtenham uma cotação de seguro de vida com apenas uma selfie.
2. Digitalização dos ambientes físicos
Segundo o Fjord Trends 2020, o 5G fornecerá oportunidades de gerar experiências físicas mais criativas e significativas, influenciando o modo como os espaços serão desenhados. “Os serviços vivos — serviços digitais sofisticados, com consciência contextual — passarão do mundo digital para o real. Haverá novas oportunidades para o design de espaços, à medida que a fusão entre o Eu digital e o Eu físico mudar a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor”, afirma o report. Por exemplo, com o 5G, será possível que os espaços físicos incorporem interações digitais com respostas em tempo real, de modo que cada pessoa vivencie uma experiência diferente no mesmo ambiente.
3. Interação por tela tende ao declínio
A interação digital baseada em telas, como de computadores, tablets e até smartphones, tende a perder relevância na criação de experiências que unem os ambientes físico e digital. “Isso significará redirecionar a energia para projetar momentos humanos significativos em vez de interfaces para intervalos transacionais”, diz o relatório. A tendência é que uso de dados móveis ofereça oportunidades mais criativas para a interação com as pessoas que, enquanto realizam suas atividades, também interagem digitalmente com marcas.
4. Publicidade e conteúdo mais assertivos
Com a Internet dos Corpos, o conteúdo personalizado, a publicidade e as experiências relevantes, já familiares no mundo digital, se tornarão populares também nos ambientes físicos e alcançarão um nível de precisão e impacto ainda maior. Ao mesmo tempo, o 5G deve gerar oportunidades para o surgimento de novos modelos de negócios em publicidade, e também pressionar as marcas para trabalharem cada vez mais em tempo real, transformando não só o setor, como todas as cadeias de produtos e serviços.
5. Privacidade na mira
Esse mundo de possibilidades que será criado pela Internet dos Corpos também representa um campo minado para as empresas, quando o assunto esbarra na privacidade e na ética. Os desafios para gerenciar dados pessoais se tornam ainda maiores quando se coletam informações sensíveis, que, se conhecidas, podem prejudicar os consumidores. “A preocupação com a privacidade e o consentimento no uso de dados devem ser tratados com mais seriedade, pois, com dados biométricos, qualquer risco de invasão ou violação de segurança compromete permanentemente a vida de uma pessoa — você pode alterar a sua senha, mas não a sua impressão digital”, alerta o report.
Contra isso, o Fjord Trends recomenda que o ecossistema digital aprenda com os erros cometidos no passado, como o caso Cambridge Analytica, ao criar novos produtos e serviços.