Entrar na onda da NFT sem olhar para as suas potencialidades é um erro, na opinião de Caroline Nunes, CEO da Inspire IP, plataforma de blockchain. “Eu sinto que as marcas querem usar NFT pelo hype e não pela tecnologia em si”, disse durante painel dedicado ao tema, no Evento ProXXima, do qual o UOL é um dos patrocinadores.
Segundo ela, NFTs trazem oportunidades diversas para marcas e empresas, que vão além da criação de obras de arte e colecionáveis vendidos a preços estratosféricos, como vem sendo popularizado. “O NFT tem diversas utilidades que não estou vendo as empresas explorarem. Uma delas é usar a tecnologia para ingresso.”
Ela explica: “Não sei se vocês viram as pessoas revendendo ingressos do Lollapalooza. O que teria sido diferente se o Lolla tivesse usado NFT? Eles também teriam recebido uma porcentagem da revenda no mercado secundário. Então, foi deixado para trás muito dinheiro na mesa”, analisa. Isso porque a tecnologia embute o direito intelectual e de propriedade em cada ativo criado, podendo remunerar o criador na revenda.
Outro uso para NFTs seria em cupons de desconto. “Como seria interessante? Imagine que você acabou de comprar um sofá e recebe um cupom de 50% de desconto para o mesmo produto. Obviamente, você não vai usar, mas se estivesse em forma de NFT, você conseguiria vender no mercado secundário.”
Isso sem contar nas possibilidades que as NFTs criam de relacionamento entre marcas e clientes. “NFT tem um potencial gigante de criação de comunidade e de aproximar a marca do público diretamente. Há uma grande magia em torno do NFT, que traz ao universo digital a escassez e a exclusividade que antes não existiam. Então a marca consegue hoje criar experiências e um acervo digital que antes não conseguia.”
Como trabalhar para comunidades? “O primeiro passo é não focar em campanha pontual. Vejo marcas fazerem campanhas interessantes, mas sem preocupação de formar comunidade e dar longevidade para o NFT, sem formar um mercado secundário, que é um dos pontos mais importantes. Então a campanha acaba nascendo e morrendo, e fica só pelo hype, o que eu acredito que é um problema.”
Ela explicou que a InspireIP trabalhava inicialmente com blockchain e propriedade intelectual, quando lançou uma plataforma de NFTs. “A gente não tinha objetivo de atrair as marcas, mas as marcas começaram a nos procurar para fazer campanhas.” Hoje, ela diz que a empresa atua de ponta a ponta em campanhas, desde o plano estratégico, criação comunidades, até a tecnologia.
E cita o case realizado para o SBT, de venda de imagens de acervo da emissora em NFT. “A gente fez uma campanha utilizando NFT que deu uma repercussão gigantesca para o SBT, o que eu chamo de marketing inteligente, e gerou retorno de mídia espontânea de R$ 10 milhões”, diz.