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Amy Webb: 2024 marcará o início do fim dos smartphones; veja tendências

Igor Omilaev/Unsplash

Quais macrotemas deverão impulsionar as tendências mundiais este ano? A futurista Amy Webb, fundadora do Future Today Institute (FTI), mapeou e divulgou movimentos envolvendo inovação e tecnologia com potencial disruptivo nos mais diversos campos e indústrias para 2024. Entre eles, o início do fim dos smartphones como dispositivo central.

O UOL Para Marcas destaca três tendências com capacidade de impactar mais diretamente os processos criativos e estratégias das marcas em mídia e comunicação. Conheça: 

Wearables X smartphones

De volta ao foco de investimento das big techs, como Apple, Meta e Google, os wearables entram numa nova era de respostas visuais e de voz. Para Amy Webb, será o início do fim da hegemonia dos smartphones com a expansão de dispositivos onipresentes. “Os mercados norte-americanos e alguns mercados europeus devem começar a fazer a transição de um ecossistema de um dispositivo, onde múltiplas funções e recursos convergem no smartphone, para a uma rede de vários dispositivos como o que tínhamos na virada do século”, diz. A previsão é que, em 2024, sejam lançados gadgets com modelos personalizados de aprendizagem profunda, em contato com o corpo, com respostas em tempo real.

Arregaçando as mangas com as IAs

Em 2024, as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) devem começar a sair do campo da criatividade abstrata para auxiliar em projetos de efeito concreto. É o que a futurista chama de “concept-to-concrete”. “Você ouvirá muito sobre novas ferramentas de IA que simplificam a geração e o refinamento de ideias usando um processo que chamo de ‘do conceito ao concreto’. Começando com uma ideia ampla e geral, uma pessoa ou equipe trabalha com um sistema de IA para refiná-la continuamente até que uma estrutura concreta, especificação técnica ou projeto semelhante seja alcançado.” Amy Webb exemplifica com a plataforma de vídeo Pika, lançada no fim de 2023, onde os usuários podem trabalhar com a IA para criar uma história rica e uma experiência visual atraente. 

Desinformação não intencional nas eleições

Se as fake news já marcaram processos eleitorais pelo mundo, como parte de estratégias de campanhas, a desinformação não intencional acrescenta um novo desafio de comunicação aos cerca de 70 pleitos  em 2024 pelo mundo. “É mais fácil do que nunca manipular intencionalmente os eleitores usando desinformação criada com conteúdo sintético de alta qualidade, como deepfakes, e distribuí-la por toda a web. E quanto à desinformação não intencional?”, alerta a futurista. 

Segundo ela, informações equivocadas nascem como efeito do processo de trabalho de empresas tecnológicas, que estão cada vez mais terceirizando tarefas estruturantes, como a rotulagem de dados de formação. “Trabalhadores temporários podem não ter o contexto cultural necessário para rotular informações corretamente. Já vejo exemplos de desinformação não intencional: conteúdo criado sem malícia, por meio de sistemas ainda repletos de dados de treinamento de baixa qualidade, que acabam entregando informações ruins.”

BÔNUS: veja dois movimentos que devem impactar as marcas em objetivos de ESG e processos de trabalho.

 Tornar a sustentabilidade sustentável

 As metas de zerar as emissões de gases para 2030 – prometidas por algumas das maiores empresas do mundo – precisam se sustentar financeiramente. “Considero que os líderes desvalorizam a redução das emissões de gases com efeito de estufa quando as iniciativas climáticas se tornam um centro de custos irrecuperável”, diz a futurista. “Talvez seja por isso que, no seu conjunto, elas fizeram pouco progresso na limitação do aquecimento global desde 2018. Neste ano, muito pode ser feito: transformar a rede para acomodar fontes de energia limpa; busca de materiais alternativos para baterias, células solares e turbinas eólicas; captura e armazenamento de carbono; e trazer transparência e validade aos mercados de carbono são apenas alguns dos estrangulamentos que necessitam urgentemente de inovação.”

 Algoritmos com “diploma”

 A força de trabalho que os algoritmos vêm substituindo pode precisar de “diplomas” num futuro próximo. Operações administrativas – secretárias, digitadores de dados, representantes de atendimento ao cliente – já foram suplantados por sistemas automatizados. “À medida que os sistemas de IA assumem funções cada vez mais desafiantes, os reguladores podem exigir que sejam certificados profissionalmente para realizarem o seu trabalho. Embora certos campos exijam licenças profissionais para humanos, até agora os algoritmos conseguem operar sem passar em um teste padronizado. Você não gostaria de se consultar com um cardiologista para cirurgia que não tivesse diploma, certo? À medida que mais da nossa força de trabalho de conhecimento se torna algorítmica, espero ver demandas por certificação profissional em tecnologia.”


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