Os brasileiros são festivos, mas estão menos felizes, em grande parte, por questões que podem ser atribuídas à situação financeira, à saúde e à falta de oportunidades, segundo apontam achados de estudos globais e locais. Esse é um assunto para marcas? Como elas podem atuar nesses campos e contribuir na redução dos gaps entre pessoas felizes e infelizes?
Segundo o “World Happiness Report 2023”, pesquisa anual que ranqueia a felicidade em mais de 150 países, o Brasil caiu 11 posições, da 38ª para a 49ª, em relação ao ano passado. O estudo é realizado por um grupo independente de pesquisadores. Outro levantamento, da Ipsos, é mais otimista e mostra o país em quinto lugar entre as nações mais felizes do mundo. Porém, a base de comparação neste caso é limitada a 32 países. Ambos os estudos foram divulgados em março deste ano.
Por aqui, o Instituto Qualibest buscou se aprofundar no que torna o brasileiro mais ou menos feliz. Antes, perguntou quem são eles. O resultado foi que 29% dos respondentes se consideram pessoas felizes, 52% dos entrevistados se dizem em um estado intermediário ou indeciso quanto à felicidade, e 19% declaram estar infelizes.
A partir dessa divisão em grupos, o levantamento buscou entender os aspectos que mais influenciam no estado de bem-estar dos entrevistados. Foram ouvidas 1.105 pessoas entre homens e mulheres, acima de 18 anos e diferentes classes sociais, por meio de questionário online, no Painel QualiBest
Como são as pessoas felizes? De modo geral, fatores internos predominam no seu estado de bem-estar. Elas dizem se sentir bem consigo mesmas (76%), encaram a vida de modo simples e leve (67%), são otimistas (67%), têm autoestima elevada (66%) e são bem-humoradas (65%).
Já as pessoas infelizes relatam questões externas como finanças, saúde e trabalho como fortes influenciadores do mal-estar, o que coloca a desigualdade social como problema de fundo. Elas convivem com instabilidade financeira (67%), problemas com saúde física ou mental (50%), não conseguem desfrutar de pequenos prazeres (46%), se sentem inseguras (36%), e suas carreiras não estão como sonharam (34%).
Quando os respondentes falam do quanto falta para algumas conquistas, fica ainda mais evidente o recorte social entre os grupos. Enquanto 20% das pessoas felizes se dizem distantes de ter tranquilidade financeira, esse número sobe para 67% entre as pessoas infelizes. Entre os felizes, 10% se consideram distantes de fazer o que gostam na maior parte do tempo, contra 53% dos infelizes. E 11% dos felizes dizem estar distantes de ser uma pessoa de sucesso, contra 53% dos infelizes.
O que mais impacta na sensação de felicidade para as pessoas felizes é a família (94%) e a saúde mental (90%). Já para quem se diz infeliz, a relação com o corpo (74%) e a situação financeira (69%) têm maior efeito na melhora do bem-estar. E aqui aparece um norte para marcas que têm a felicidade no horizonte. Três desses quatro territórios citados podem estar no campo de suas ações: saúde mental, a relação com o corpo e afetos familiares.
Carolina Braga, head de planejamento e insights do UOL, percebe um movimento de marcas voltadas à entrega de felicidade como experiência e de bem-estar como valor, a exemplo da Disney Parks, que no SXSW 23 se disse obcecada em criar momentos felizes. “Eu não sei se algum dia a gente vai conseguir entender e mapear completamente como atingir a felicidade plena, mas está bem claro que vai ser importante que a gente invista em diferentes áreas para isso, e direcione recursos e disciplina.”