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Mercado da música inova em conteúdo, e artistas brasileiros se revelam broadcasters 

Imagem: Reprodução

Cantor Criolo, em apresentação de programa ao vivo em seu canal na Twitch

O mercado da música é um dos que mais têm inovado na produção de conteúdo, em meio às limitações impostas pela pandemia de covid-19. É no embalo musical que artistas vêm criando novas formas de se relacionar com fãs, abrindo espaço de comunicação entre público e marcas. A febre das lives e dos shows em drive-in são alguns dos exemplos recentes. E tudo indica que o próximo front é o da transmissão ao vivo de programas autorais feito por músicos.

A tendência é puxada pela plataforma Twitch, de transmissões ao vivo da Amazon. Queridinha dos gamers, a Twitch lançou uma vertical voltada à música no Brasil, seguindo uma estratégia global. A iniciativa já nasce com parcerias de artistas do calibre de Marcelo D2, Criolo e Pitty, além dos casts de produtoras como KondZilla (funk) e LAB Fantasma (rap), e nomes da cena alternativa como Baiana System, Jaloo e Candy Mel.

Não se trata de mais shows ao vivo. Esses artistas têm experimentado criar programas de entretenimento, com grade de programação fixa, como se cada um fosse dono de sua própria MTV digital. Dessa forma, têm reinventado (termo gasto, porém, verdadeiro) o modo de gerar conteúdo sobre música na internet, no calor do ao vivo.

Marcelo D2 produz um álbum inteiro com participação do público. Criolo assiste junto com sua audiência a documentários, reage a videoclipes, recita poesia, trazendo suas reflexões, se emocionando, dançando, se divertindo. Pitty realiza ensaios em casa ao vivo, sentada no chão, de meia, faz crítica cultural, conversa com amigos. No canal do KondZilla, funkeiros improvisam versos e imitações na hora, montam novas batidas no computador, discutem sobre produção musical enquanto recebem convidados.

A LAB Fantasma TV —  da produtora, gravadora e grife dos irmãos Emicida e Evandro Fióti –, conta com programação diária que mescla conteúdos de bem-estar, games, videoclipes, discotecagens, entre outros assuntos. “A LAB mergulha nesse universo da televisão por meio da possibilidade que o digital gera. Vamos começar a esboçar o que seria a TV dos nossos sonhos”, disse Emicida na ocasião do lançamento.

O objetivo do canal é criar espaço para nomes da música negra da periferia. “Entendemos que existem muitas pessoas incríveis no nosso país. Se elas forem esperar a comunicação tradicional do Brasil perceber a existência delas, a gente vai perder muitas pautas importantes e urgentes”, afirmou o rapper.

Seja qual for o estilo musical ou o público-alvo, a transmissão desses conteúdo s de entretenimento tem revelado artistas broadcasters. Eles somam milhares de pessoas assistindo a seus programas ao vivo, em vários momento do dia, desafiando o chamado “horário nobre”. E podem ser remunerados por assinaturas premium de fãs.

Com isso, abrem uma nova fronteira de produtos de entretenimento no digital. O investimento da Twitch é global, buscando marcar seu território nesse novo formato de conteúdo que se apresenta. Este mês, lançou um programa de desenvolvimento comunitário para a música, para treinar produtores de conteúdo sobre recursos da plataforma. Um passo à frente da concorrência, mas nada impede que outras plataformas se adaptem e inovem o produto, criando novas ondas. A largada está dada.


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