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Cannes Lions Live celebra a década, dá recado antirracista e aponta tendências digitais

Imagem: Reprodução

Sem leões distribuídos no Palais des Festivals, o Festival Internacional de Criatividade de Cannes realizou de 22 a 26 de junho em 2020 o Cannes Lions Live, uma versão online do evento, respeitando as medidas de distanciamento. No lugar da premiação habitual, que foi transferida para 2021, Cannes celebrou os melhores players do mercado na década.

Paralelamente, em debates, sessões e entrevistas disponíveis em streaming, Cannes apontou questões urgentes, como o posicionamento antirracista de marcas, além de tendências tecnológicas que se aceleram na pandemia.

Veja aprendizados do passado, recados presentes e tendências futuras apontados pelo evento:

APRENDIZADO: Revolução no consumo de conteúdo

A agência brasileira AlmapBBDO foi celebrada como a agência mais criativa da década no  Cannes Lions Live. Para Luiz Sanches, CCO (Chief Creative Officer) e chairman da agência, o período foi marcado pela transformação no modo como as pessoas consomem conteúdo. E fica o legado de como marcas podem gerar conteúdos também consumíveis.

Os últimos 10 anos viram a maior revolução do consumo de conteúdo da história. Isso impactou demais anunciantes e agências, que precisaram achar alternativas para chegarem ao cliente da melhor forma possível. Por isso, a importância de uma homenagem desta é imensa”, disse.

RECADO: Comprometimento antirracista é urgente

Falar em propósito, diversidade e representatividade não é algo novo. Mas num contexto em que poucas marcas cumprem sua lição de casa, a questão se faz urgente. Alex Bennett-Grant, CEO da We Are Pi, apresentou a pesquisa Before You Shoot, um panorama da falta de pessoas negras no ecossistema publicitário. “É preciso equilibrar a balança do mercado, começando de dentro para fora”, disse. “Exija a contratação de pessoas pretas. Construa um fórum seguro para discussão do tema nas empresas.”

Outras vozes se uniram em torno do tema. Metas para que pessoas negras ocupem posições de liderança foram cobradas por Jabari Paul, Activism Leader da Ben & Jerry’s nos EUA. O jogador e ativista da NFL Michael Jenkins defendeu que as empresas ouçam e aprendam com os movimentos antirracistas mundo afora. E a indústria foi chamada à ação por Phumzile Mlambo-Ngcuka, Under-Secretary-General das Nações Unidas, Executive Director da UN Women e Chair da Unstereotype Alliance. “Os políticos se importam com a publicidade. Usem essa força para fazer diferença”, disse.

TENDÊNCIA: experiências digitais e biodados serão mainstream

O corpo é uma mina de dados. Pessoas e marcas farão uso disso no cotidiano, prevê Eco Moliterno, CCO da Accenture Interactive para a América Latina. “Os conteúdos que assistimos passarão a ser avaliados por nossos batimentos cardíacos. E as marcas vão gerar experiências personalizadas a partir disso”, afirmou. Ele cita a startup Nymy, que desenvolveu um wearable que usa as batidas do coração para conectar a pessoa a sistemas diversos, incluindo carros, computadores e TVs.

Tony Parisi, Head of XR Ad Innovation na Unity, plataforma de conteúdo interativo, disse que experiências digitais imersivas devem se tornar mainstream nas narrativas de marcas. Segundo ele, até 2030, lojas físicas deixarão de ser espaços de venda e se tornarão showrooms, com um inventário 3D em exposição. E, num futuro próximo, cerca de 50% dos eventos ao vivo serão virtuais.


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