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Peças de animação “ressurgem” em meio à limitação de produções pela covid-19

Imagem: Reprodução

Enquanto as grandes produções audiovisuais — no entretenimento e na publicidade — seguem limitadas por conta das medidas sanitárias de enfrentamento à covid-19, as animações avançam em ritmo acelerado. Como seu ciclo de finalização demora mais que outros produtos de vídeo, a tendência é que o efeito dessa onda apareça gradualmente — diferente do boom das lives –, mas com filmes animados ganhando cada vez mais espaço nas telas.

No meio do entretenimento, somente o 20th Century Fox Television, controlado pela Walt Disney, notou um aumento de 25% nos pedidos de desenvolvimento de produtos de animação nos últimos meses. “Estamos recebendo toneladas de ligações”, afirmou Marci Proietto, vice-presidente executiva de animação do estúdio, em reportagem da Bloomberg.

Já na publicidade, curtas animados realizados durante a pandemia começam a ir ao ar pelo mundo. Mirando em consumidores brasileiros, a Apple lançou há algumas semanas a campanha chamada “Vem para o iPhone”, para promover o iPhone SE. É uma série de vídeos animados em computação gráfica, com testemunhos de pessoas insatisfeitas com seus antigos celulares. Cada peça conta a história de um personagem em 3D, que fez a troca para smartphone da marca.

Para a rede de supermercados Tesco, na Irlanda, a agência Rothco (do grupo Accenture), criou uma série de vinhetas de animação com o personagem Poppy, um caroço de milho que se irrita ao virar pipoca. As peças que contam com a assinatura das brasileiras Mariana Albuquerque (redatora) e Carina Caye (diretora de arte) na ficha técnica são exibidas antes de filmes em canais da TV aberta.

No Brasil, a Spirit Animation Studios deu vida ao mascote Amafilzinho, da marca Amafil, empresa de processamento de mandioca, no filme “Tradição”. A produção ressalta a longevidade da marca, com uma família de consumidores passando de geração em geração receitas que levam seus produtos.

Em campanha criada pela Havas Plus para a Ampara Animal, a animação “Liga Quarentiners” usa a linguagem dos quadrinhos para incentivar a adoção de animais durante a pandemia. O filme retrata pets como super-heróis que trazem a alegria de volta, em meio ao isolamento social.

Também para a causa animal, em Londres, a entidade Born Free Foundation lançou um filme que compara a quarentena com a situação dos animais selvagens em cativeiro. Criado pelo estúdio de animação Aardman e pela agência criativa de Londres Engine, “Desconfortos com criaturas: a vida no confinamento” usa entrevistas reais de pessoas isoladas ilustradas por imagens animadas de bichos enjaulados.

Animações como solução na crise

As animações que eram, de modo geral, “subestimadas e subempregadas no marketing B2C e B2B, passam a ser vistas como solucão para as marcas” neste momento de crise, na avaliação de Alex Black, chefe de soluções de conteúdo criativo da TVC, em artigo para o The Drum.  “Como as entrevistas ao vivo e os filmes agora são muito mais restritos por causa da covid-19, estamos vendo mais marcas abertas a experimentar a animação. É um formato que permite contar histórias complexas, de uma maneira simples e envolvente, que sem a animação não seriam tão interessantes visualmente.”

O entendimento é que as animações, por serem uma solução onde a criatividade é ilimitada, podem servir a qualquer objetivo de marca. “Uma ótima animação conta uma história envolvente para o público, seja no estilo corporativo ou muito mais divertido.”

Mas a complexidade de produção exige que marcas saibam muito claramente seus objetivos com a peça, para que não haja idas e vindas que atrasem e encareçam o trabalho. “Existem muitas etapas envolvidas. Além disso, a maioria das decisões e alterações deve ser feita durante as fases do storyboard e do design, para que seja necessário muito mais planejamento e previsão. Quaisquer alterações no final do projeto são muito complicadas e caras”, diz Alex.


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